Atividade da indústria paulista segue rota de queda, diz Fiesp

28/01/2009 - 20h38

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A atividade da indústria paulista, medido pelo Indicador de Nível de Atividade (INA) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), desacelerou pelo terceiro mês consecutivo. Dados divulgados hoje (28) pela entidade mostram que no acumulado de outubro (-1,7%), novembro (-3,3%) e dezembro (-5,2%) de 2008, a queda, com ajuste sazonal, foi de 10,2%.Apesar da desaceleração acentuada de dezembro e novembro, a atividade da indústria de São Paulo no ano passado apresentou alta de 4,8%. Em 2007, o crescimento foi de 6,1%; em 2006, de 2,6%; 2005, 3,7%; 2004, 13,5%; e 2003, -3,3%.“O resultado anual de 2008 não chega ser um resultado terrível, decepcionante, mas preocupante sim é o fato da rota que hoje está sendo percorrida pela atividade da indústria”, disse o diretor do departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francine.O desempenho da indústria paulista em dezembro do ano passado (de -5,2% com ajuste sazonal e -17,3% sem ajuste) só encontra paralelo, nos últimos anos, com 2002, quando a queda, sem ajuste, foi de -15,3%. “Lembrando que no ano de 2002 vivíamos aquela situação de tensão pré-eleição presidencial, quando houve a mudança de governo, você teve todo aquele tumulto”, afirmou. De acordo com a Fiesp, os setores que mais estão sentindo os efeitos da crise são o de máquinas e equipamentos – que fechou o ano de 2008 em elevação de 5,4%, mas teve queda nos últimos dois meses do ano somadas de 15,1% - e de veículos automotores – que terminou o ano em alta de 6,5%, mas registrou no último bimestre de 2008 baixa de 19,4%. “Os setores que primeiro aparecem são os mais ligados a crédito e mais ligados a confiança, que são o de máquinas e automóveis”, analisou Francine.O diretor da Fiesp chama a atenção para a rapidez com que os efeitos da crise estão chegando ao país. De acordo com ele, a demora na percepção de que a crise atingiria o Brasil atrapalhou uma reação mais eficiente. “No caso brasileiro, evidentemente a falta de uma percepção mais clara quanto a chegada iminente da moléstia, confundida com uma gripinha, para não falar marolinha, realmente atrapalhou. Se você soubesse que ela estava vindo, talvez você soubesse mais cedo, e você estaria preparando na sua farmacopéia quais são os remédios que você vai ter que usar”, disse. Francine ressalta que os dados da entidade mostravam reflexos nos níveis de emprego na indústria, geralmente, quatro meses após o registro das variações nos níveis de atividade. Segundo ele, agora esse intervalo diminuiu drasticamente nos últimos meses. “Seja na recuperação, seja na queda, você assiste antes a queda da produção para depois assistir a queda do emprego. A partir do final do ano há uma coincidência de tendência. Ou seja, o emprego está respondendo muito rapidamente à queda de atividade. E nós atribuímos isso, de certa maneira, à percepção dos agentes de que não têm muitas dúvidas quanto à rota, que está  sendo de queda”, afirmou.