Bush defende reformulação do FMI e do Banco Mundial

13/11/2008 - 22h15

Mylena Fiori
Enviada Especial
Washington (Estados Unidos) - Dois dias antes daprimeira reunião de chefes de Estado do chamado G20financeiro, que reúne as grandes economias desenvolvidas eemergentes, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, admitiuque reformas no setor financeiro são essenciais, incluindo areformulação do Fundo Monetário Internacional(FMI) e do Banco Mundial, com maior poder de decisão para asnações em desenvolvimento.A declaração,no entanto, não deve ser entendida como mea culpa. Bushtambém fez uma defesa veemente do capitalismo e dolivre-mercado e deixou claro ser contra a proposta dos paísesemergentes de criação de um órgãosupranacional para regulação e monitoramento do sistemafinanceiro internacional.“A soluçãode longo prazo para os problemas atuais é o crescimentoeconômico. E o caminho mais seguro para esse crescimento éo livre mercado e o povo livre”, disse Bush, no Federal HallNational Memorial, em Wall Street, em Nova Iorque. "A crise nãofoi a falência do sistema de livre mercado. E a resposta nãoé tentar reinventar o sistema. É consertar os problemasque enfrentamos, fazer as reformas necessárias e ir em frentecom os princípios de livre mercado que levaram prosperidade eesperança para as pessoas ao redor do planeta”, completou. O tema do discurso foio mesmo da cúpula convocada pelo presidente norte-americanopara o próximo sábado (15): mercados financeiros eeconomia mundial. Bush apontou algumas respostas para a crisefinanceira global desencadeada a partir da falência do mercadoimobiliário norte-americano. Disse ser necessáriotornar os mercados financeiros mais transparentes para dar segurançaaos investidores, defendeu regulação própriapara produtos financeiros “sofisticados” e fortalecimento dasregulações nacionais e pediu uma melhor coordenaçãoentre as leis e marcos regulatórios nacionais.Alertou, no entanto,que a intervenção excessiva do Estado é umaameaça para os mercados. “Não devemos pedir maisgoverno, mas governos mais espertos”, disse Bush. “Como qualqueroutro sistema desenhado pelo homem, o capitalismo não éperfeito. Ele está sujeito a excessos e abusos. Mas ainda éo caminho mais eficiente e justo para a estruturação daeconomia”, sentenciou.Para provar sua teoria,citou o caso do Japão, uma “ilha com poucos recursosnaturais” que se recuperou da guerra e se transformou na segundaeconomia mundial graças ao capitalismo. Também citouCoréia do Sul, Singapura, Hong Kong e Taiwan.“Enquanto isso,nações que seguiram outros modelos experimentaramresultados devastadores. O comunismo soviético fez milhõesde pessoas passarem fome, faliu um império e colapsou emdefinitivo como o muro de Berlim. Cuba, conhecido por seus vastoscampos de cana, agora é obrigado a racionar açúcar.E enquanto o Irã é um gigante de reservas de petróleo,sua população não pode colocar gasolinasuficiente em seus carros”, enumerou Bush, na tentativa de provar ofracasso de outros sistemas.E voltou a mencionar olivre mercado. “Se você busca crescimento econômico, sevocê busca oportunidade, se você busca justiçasocial e dignidade humana, o livre mercado é o caminho. Otriunfo do capitalismo de livre mercado foi provado atravésdos tempos, da geografia, das culturas e da confiança. E seriaum terrível erro permitir que alguns meses de crise solapem 60anos de sucesso”. Apesar da defesa do capitalismo, o governonorte-americano analisa, neste momento, mais uma ajuda financeira àiniciativa privada. Desta vez, para a gigante do automobilismoGeneral Motors.