Economista critica Banco Central por não ter percebido valorização excessiva do real

13/11/2008 - 13h09

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O economista e professor da Universidade Estadual de Campinas Luiz Gonzaga Belluzzo criticou hoje (13) o Banco Central, por não ter percebido a valorização excessiva do real nos últimos meses, e disse que a politica econômica brasileira poderia ter sido mais prudente na questão fiscal e com taxas de juros menores.Ele também criticou o uso do dólar como moeda-reserva a nível mundial, o que produz “ajustes assimétricos” no momento de corrigir as distorções da economia.“Não é possível que os Estados Unidos tomem medidas unilaterais, já que os países asiáticos têm US$ 5 trilhões de reservas”.Belluzzo concordou com o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e defendeu a coordenação internacional para enfrentar as conseqüências da crise global. Para ele, sem essa direção única, há o perigo de os países tomarem medidas protecionistas individualmente.Para Belluzzo, o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, terá problemas de difícil resolução, para enfrentar a crise, em função do do perfil da sociedade norte-americana.Ele lembrou que embora Obama tenha vencido com 53% dos votos, seu adversário teve 44% de eleitores. Para ele, isso significa que a sociedade americana está dividida.“Tenho medo do head neck (os cabeças raspadas), que acham que o mundo está dividido entre o bem e o mal”.Belluzzo lembrou que esses grupos têm uma visão política que se aproxima do fanatismo religioso.“Não foi o Bush que produziu o bushismo, mas o bushismo que produziu o Bush”, disse Pelluzzo lembrando a atuação do governo para exemplificar a prática do atual governo americano.Para Belluzzo, se enganam os que pensam que os Estados Unidos estão decadentes. “Estão sofrendo um problema [resultante] de sua própria expansão”.O economista foi um dos participantes de audiência pública promovida pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para discutir a crise financeira internacional. O ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, também compareceu aos debates.