Lula e Berlusconi pedem que economias não entrem em pânico

11/11/2008 - 20h03

Luciana Lima
Enviada Especial
Roma (Itália) - O presidente LuizInácio Lula da Silva e o primeiro-ministro da Itália,Silvio Berlusconi, foram unânimes em pedir para que nãohaja “pânico” devido à crise financeira mundial. Ementrevista coletiva após um almoço na Vila Madama,local destinado a recepções do Ministério deRelações Exteriores da Itália, os dois governantes apelaram para que os países tenham confiançana economia e continuem realizando investimentos."É necessárioque não se tenha pânico. Para combater essa crisecausada pelo especulação financeira, precisamos de mais comércio, de mais investimentos e de maisempregos”, disse Lula.Berlusconi concordou.“Deve-se evitar o pânico que acaba com o consumo, cominvestimento e que muitas vezes é provocado pela opiniãopública e pelo pessimismo”, disse o primeiro-ministroitaliano.Pela manhã, Lulabrincou, em um encontro com sindicalistas. Disse que o únicorisco de se investir no Brasil seria o de obter mais lucro do queinvestir na Itália. “Qual o risco de se investir noBrasil?”, questionou o presidente. “Só o de ter mais lucroque na própria Itália”, respondeu ele.No início danoite, o presidente brasileiro fez o apelo diretamente aos maioresempresários italianos, reunidos no Fórum de NegóciosItália Brasil, promovido pela Confederação daIndústria Italiana (Confindústria). O encontro contoutambém com a presença de 90 empresáriosbrasileiros.Lula criticou otrabalho das agências internacionais de análise derisco. Ele chegou a chamar os profissionais de mercado de yuppies(jovens profissionais com pouco tempo de formado e com projeçãoprofissional). “Me deixa inquietoquando eu vejo uma agência de risco, com sede nos EstadosUnidos, todo dia medir o risco do meu país, que estácrescendo, que tem reservas, que tem saldo positivo na balançacomercial. E eu não vi até agora nenhuma agênciamedir o risco dos Estados Unidos. É como se apenas os paísespobres pudessem oferecer riscos a qualquer investidor internacional”.A diversificaçãode parceiros comerciais, na opinião de Lula, fez com que oBrasil tivesse condições de enfrentar a crise. “OBrasil mudou essa visão de achar que só os EstadosUnidos são nossos parceiros comerciais. Diversificar osparceiros foi o que fez o Brasil resistir a esta crise. Antes, para agente, na Europa, só existia a Alemanha. A África nemestava no mapa. Países da América do Sul tambémnão. São nossos vizinhos, mas nossa cultura deimperialismo colonial não nos permitia ver possibilidades”,disse Lula.O primeiro-ministro daItália, Silvio Berlusconi, também ressaltou anecessidade de buscar a expansão do diálogo com outrospaíses que atualmente estão estão fora do G8.Para Berlusconi, é necessário incluir a China, a Índia,a África do Sul, o México e o Brasil no G8. “Setornaria um G13”, destacou. Berlusconi também defendeu ainclusão do Egito. “Seria o G13 ou o G14 e representariacerca de 80% da economia global e a vasta maioria da populaçãomundial”, destacou.O G8 é formadopor Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França,Itália, Canadá e Rússia.