Crise financeira impacta previsão de safra agrícola para 2009

06/11/2008 - 16h44

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A produçãoagrícola no Brasil começa a demonstrar sinais de impacto da crisefinanceira internacional. De acordo com o Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE), a alta dos insumos e a reduçãodo crédito vão afetar a safra de 2009, que deveráser a menor desde o início da série, em 2002. Ainformação foi divulgada hoje (6). “Depois de muitos anos, é a primeira vezque nosso prognóstico é inferior ao do ano anterior, oque denota conseqüências da crise, que já teveimpactos importantes nos preços agrícolas”, afirmou ocoordenador de Agropecuária do IBGE, Flavio Bolliger.De acordo com ele, também influenciam nasprojeções para a próxima safra o temor dosagricultores de não conseguir vender a produçãopor um bom preço, principalmente os grãos que têmo preço atrelado ao dólar (commodities) comomilho e soja.“Tem a incerteza do valor da produçãona época da venda. Isso faz com que os produtores gastem menosem tecnologia, em insumos”, disse ele. “O produtor não temcerteza de que vai recuperar o investimento feito e acaba reduzindo aprodutividade.” O mercado interno, por outro lado, poderáter um resultado melhor. Bolliger estima que a produçãode arroz e feijão em 2009 supere a colheita de 2008. Devido àaescassez no mercado, ambos os produtos influenciaram a alta dainflação no começo do ano. “As incertezas de preço estãonos produtos vinculados ao mercado externo. Em relaçãoao arroz e ao feijão, [os preços] estãobons, inclusive a área e produção prevista paraa primeira safra de feijão em 2009 é superior àde 2008”, informou o coordenador de Agropecuária do IBGE, aolembrar que o feijão sofreu este ano com a estiagem.A produção agrícola em 2009deverá ser de 140,8 milhões de toneladas, 3,3% menorque a de 2008. Este ano, a estimativa recorde é de 145,6milhões de toneladas, a maior safra desde o início daspesquisas, em 1974. “A safra de 2008 foi excepcional. Nãopode ser base de comparação. Foi um ano sem problemasclimáticos e de crédito abundante”, concluiu.