Marinha diz que área ocupada por quilombolas é estratégica

20/07/2008 - 14h56

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O caráter estratégico é o motivo defendido pela Marinhapara não ceder aproximadamente um quinto da Ilha da Marambaia aos quilombolas.Localizada na Baía de Sepetiba, área que abriga os principais projetoseconômicos do estado, como Porto de Sepetiba e Companhia Siderúrgica doAtlântico, a ilha também está próxima das usinas nucleares de Angra dos Reis.No local há, inclusive, a possibilidade de que se construa uma futura base desubmarinos nucleares. De acordo com o Comandante-Geral do Corpo de FuzileirosNavais, almirante de esquadra Álvaro Augusto Dias Monteiro, as novas gerações de submarinos –nucleares ou convencionais – são consideradasdecisivas para a segurança nacional e já não podem mais ficar fundeadas naantiga base da Ilha do Mocanguê, próximo à Ponte Rio-Niterói, na Baía deGuanabara.“Desde que isso [submarino nuclear] seja confirmadocomo projeto do estado brasileiro, a Baía de Sepetiba é um dos locaisadequados à instalação de uma base de submarinos, nucleares ou mesmoconvencionais de maior porte. A nossa base atual é dentro da Baía deGuanabara e futuramente pode não ser mais conveniente a permanência detodos esses barcos ali. Para nós, Marambaia é de uma estratégiafundamental”, explicou o militar.Entre os motivos que tornam a base do Mocanguêobsoleta está a dificuldade de movimentação e saída rápida da Baía deGuanabara, que possui um tráfego intenso de embarcações, além daprofundidade menor, tornando um submarino mais vulnerável em casode ataque.Segundo o almirante, Sepetiba tem um canal naturalcom 50 metros de profundidade, o que facilita submersão e movimentaçãoimediata para alto-mar. “Marambaia domina a entrada desse canal, entãoé preciso preservá-la para que ela possa cumprir esse papel”, destacouMonteiro.Para ele, se não forem tomados cuidados, a ilha podeatrair um grande número de novos moradores e sofrer um rápido processode favelização. “No caso da Ilha Grande e Angra dos Reis, a pressãodemográfica foi muito grande e o Poder Público não foi competente paraimpedir a degradação. Na Marambaia, o ambiente está preservado, tantopela Marinha quanto pelos moradores. Temo que, se isso for titulado demaneira imprecisa, a comunidade não tenha poder político suficientepara impedir a explosão demográfica”, alertou o militar.A líder comunitária Vânia Guerra afirma que ademarcação da área como quilombo em nada atrapalharia os planos daMarinha em construir na região uma base de submarinos. “Nós semprevivemos ali, mesmo antes da Marinha chegar e nunca atrapalhamos emnada.”