Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um ano após o maior acidente da história da aviação civil brasileira em número de vítimas, quando 199 pessoas morreram, o presidente da Associação das Famílias e Amigos das Vítimas do Vôo 3054 (AfavTAM), Dario Scott, criticou as autoridades responsáveis pelo setor aéreo por, a seu ver, não adotarem medidas capazes de melhorar a segurança do aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
“A única coisa que melhorou é que o prédio que existia [próximo] à cabeceira [da pista] foi destruído com o impacto do [avião] Airbus. De resto, para mim, o aeroporto não mudou em nada”, disse Scott, cuja filha de 14 anos estava entre as vítimas da tragédia, ocorrida no dia 17 de julho de 2007.
Para o presidente da entidade, o governo, por meio do Ministério da Defesa, do Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac), da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) teria anunciado “algumas medidas paliativas” e voltado atrás em relação a várias delas.
Dario Scott citou como exemplos a proibição de vôos, que partissem ou chegassem a Congonhas de localidades a mais de mil quilômetros de distância e a redução das áreas operacionais das pistas do aeroporto. “Pintar uma faixa em cada ponta da pista e falar que aquilo é uma área de escape é querer nos enganar. O comprimento da pista não aumentou”, disse Scott.
Após vetar, em setembro de 2007, os vôos além de mil quilômetros de distância, com o objetivo de impedir escalas e conexões em Congonhas e, assim, reduzir o movimento de usuários, o governo ampliou, dois meses depois, o limite dos vôos para 1.500 quilômetros. Na ocasião, o Ministério da Defesa anunciou que a resolução não alterava qualquer norma de segurança e que valeria apenas entre 1º de dezembro do ano passado e 15 de março de 2008.
Esta semana, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, declarou que a segurança de vôos foi restabelecida e que a parte aguda da crise aérea desapareceu, possibilitando a revisão de algumas medidas adotadas anteriormente, como o limite à distância dos vôos. “Retomamos o controle do aeroporto, viabilizando inclusive a retomada das escalas e conexões, sem que isso inchasse o local”, disse o ministro, afirmando que isso não teria impedido a diminuição do número de usuários em Congonhas.
Já a redução das pistas principal, de 1.940 para 1.640 metros, e da secundária, de 1.435 para 1.195 metros, foi decidida com base em estudos do próprio ministério, que apontaram a necessidade de que fossem criadas áreas de escape no aeroporto.
Embora nem a superfície das pistas, nem a das áreas de escape tenham sofrido qualquer alteração física, a iniciativa foi anunciada como capaz de aumentar a segurança dos vôos, já que, em tese, os aviões, adaptados para pousar utilizando um espaço mais curto das pistas, poderiam utilizar as áreas de escape caso enfrentassem algum problema para frear.