Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Sistema Único de Saúde (SUS) vai oferecer cirurgias de mudança do sexomasculino para o feminino até o final deste ano. O anúncio foi feito peladiretora do Departamento de Apoio à Gestão Participativa do Ministério daSaúde, Ana Maria Costa, na 1a Conferência Estadual dePolíticas Públicas para Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais(GLBTT) do Rio de Janeiro.“Nós estamos neste momento preparando o protocolo – a norma técnica –definindo todos os passos, os profissionais que participam do processo, osprocedimentos, os instrumentos e medicamentos. A expectativa é que nóstenhamos até outubro, e no mais tardar novembro, a oferta desse serviço narede”, disse.De acordo com Ana Maria, o pedido para troca de sexo, chamado detransgenitalização, deverá ser feito no posto de saúde, que vai dar início aoprocesso. “A pessoa que tem essa demanda ao SUS deve procurar um serviço deatenção básica, que irá imediatamente orientá-la para que ingresse no serviçoespecializado e passe a realizar a etapa preparatória”, explicou.Entre o pedido para a troca de sexo até a cirurgia deverão se passar,obrigatoriamente, dois anos, período em que o paciente vai se submeter a umacompanhamento psicológico, para ter certeza do que vai fazer. “A cirurgia nãotem como voltar atrás”, ressaltou a diretora.Ana Maria defende o procedimento de eventuais críticas de que o SUS estágastando dinheiro em uma cirurgia não prioritária, em detrimento de outrostratamentos de saúde.“Quem disser isso, não sabe a dor e o sofrimento de quemvive a ambigüidade de um corpo, diferente da condição de gênero que a pessoavivencia. Em segundo lugar, esse tipo de procedimento não vai onerar em demasiao SUS, porque não são tantos os casos”.Segundo ela, dados colhidos junto a associações de defesa de homossexuaisindicam que haveria demanda no país de mil pessoas interessadas em mudar desexo. A diretora do SUS não soube precisar o custo com todo o processo, masdisse que equivale ao de uma cirurgia de média complexidade.Por enquanto, eladiz que o único procedimento oferecido será o de mudança do sexo masculino parao feminino, pois o processo oposto, feminino para masculino, ainda éconsiderado experimental. A conferência vai até domingo (18), no campus da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), e antecede a Conferência Nacional, que acontece de 5 a 8 de junho, em Brasília.