Representante da FAO propõe plano para incentivar aumento da produção agrícola

28/04/2008 - 21h30

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um plano de desenvolvimento que estimule osprodutores de alimentos em todo o mundo e seja composto não sópor ações coordenadas pelo Sistema NaçõesUnidas, mas também pelos governos e pela sociedade civil. Issoé o que é necessário para superar a crise provocada pela alta dospreços de alimentos, segundo o representante daOrganização das Nações Unidas para aAgricultura e a Alimentação (FAO), José Tubino.“É todo um investimento que se tem quefazer. O que nós temos que lembrar é que durante asúltimas duas décadas a comunidade internacionalesqueceu a importância estratégica da agricultura nomundo e se investiu pouco dinheiro na produçãoagrícola”, afirmou, em entrevista à AgênciaBrasil.De acordo com Tubino, a reunião realizadahoje (28) e amanhã (29) em Berna, na Suíça,entre o secretário-geral da Organização dasNações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, e 27 dirigentes dasagências e organizações da ONU, deve resultar emum plano emergencial para atendimento das pessoas que não têmcondições de comprar alimentos.Ele afirmou queessas ações imediatas devem ser executadasprincipalmente pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA), que jápediu mais de US$ 700 milhões à comunidadeinternacional. Na opinião de Tubino, os principais alvos devemser mulheres grávidas e crianças menores de cinco anos,justamente os que mais sofrem com a falta de alimentos.Para planejar ações de médioprazo, o representantes da FAO explicou que a organizaçãojá convocou uma conferência para o início dejunho, em Roma (Itália). Segundo Tubino, a reuniãotrataria inicialmente dos efeitos das mudanças climáticase dos biocombustíveis na questão da segurançaalimentar. Por conta do contexto atual, a alta dos alimentos tambémvai ser discutida.“Aí já vamos tratar de elaborar umplano de desenvolvimento que atenda às necessidades dosprodutores agropecuários para aumentar a produçãode alimentos. É necessário aumentar a produçãode alimentos e dar transparência aos mercados nacionais einternacionais, que têm a ver com a comercializaçãodos alimentos”, disse Tubino.Essa transparência, segundo ele, pode fazercom que o atual aumento de preços estimule os agricultores aproduzir mais. A médio prazo, acrescentou Tubino, isso poderáfazer com que os preços das commodities agrícolasvoltem a cair.Tubino afirmou também que énecessário dar estabilidade à produção emregiões como a África, onde cerca de 90% das plantaçõesnão são irrigadas e dependem do regime de chuvas. Eledestacou ainda a importância do apoio à agriculturafamiliar, tanto em termos de assistência técnica quantode financiamento. “A agricultura familiar é a maiorprodutora de alimentos para consumo no mercado doméstico.”O representante da FAO apontou as causas da altanos preços dos alimentos. Entre elas, o aumento do consumo, jáque a expectativa é que em 2050 a populaçãomundial chegue a 8,7 bilhões de pessoas, 2,7 bilhões amais que em 2000. Também citou a modificação nospadrões de consumo - países como a Índia e aChina estão consumindo mais carne -, o aumento do preçodo dólar, que encarece a cadeia de produção degrãos, e a especulação no mercado financeiro defuturos, por meio do qual os investidores apostam que os preçosdas commodities vão continuar subindo.