Para Dieese, negociações salariais em 2007 garantiram incorporação das perdas

17/03/2008 - 16h29

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Das 715 negociações salariais analisadas pelo Sistema de Acompanhamento de Salários do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) em 2007, 96% garantiram a incorporação das perdas salariais desde a data-base anterior, conforme dados divulgados hoje (17), na capital paulista. Segundo a pesquisa do Dieese, este é o quarto ano consecutivo em que mais de 70% das negociações repõem o poder aquisitivo com referência no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Do total de negociações analisadas, 88% conseguiram aumento real de salário, valor próximo do ano anterior quando o resultado foi de 86%, mas ainda assim o melhor resultado da série que foi iniciada em 1996. “Três fatores contribuíram para o resultado. O primeiro é a taxa de inflação baixa e controlada, o segundo é o ambiente econômico propiciado pelo crescimento da economia e o terceiro é a ação sindical que decorre desse ambiente”, afirmou o supervisor do escritório de São Paulo do Dieese, José Silvestre de Oliveira.De acordo com os dados, nas categorias profissionais vinculadas ao setor industrial 94% dos resultados foram maiores do que os do INPC-IBGE. No ano anterior menos de 90% das categorias no setor obtiveram resultado semelhante. No comércio o resultado foi de 85% em 2007 e 91% no ano anterior. O pior desempenho ficou com o setor de serviços com 12% das negociações iguais ao INPC-IBGE.“O setor industrial teve melhor desempenho porque é o mais estruturado da economia e em 2007 tivemos crescimento econômico mais consistente, melhor distribuído no qual os setores de atividade industrial que produzem para o mercado doméstico tiveram melhor desempenho”, afirmou Oliveira.O supervisor do Dieese completou ainda que o setor de serviços teve fraco desempenho porque há empresas de todo tipo, desde empresas de ponta até aquelas com caráter doméstico. “É um setor muito heterogêneo. Mas há também nesse setor categorias de ponta que tiveram reajustes com ganhos reais, mas acho que o que explica é a existência da pulverização. Por outro lado há ainda tradição menor de organização sindical em serviços por haver muitas atividades recentes”, finalizou.