Lula diz que não houve exagero no bate-boca entre Chávez e o rei Juan Carlos

14/11/2007 - 19h57

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz InácioLula da Silva minimizou hoje (14) a importância do bate-boca envolvendo o presidenteda Venezuela, Hugo Chávez, e o rei da Espanha, Juan Carlos, noencerramento da Cúpula Ibero-Americana, realizada no Chile, nasemana passada. Segundo Lula, não houve exagero ouconstrangimento. E divergências são normais entre chefesde Estado.No encerramento dacúpula, no dia 10, o venezuelano chamou o ex-primeiro ministroda Espanha José Maria Aznar de fascista porque teria apoiado atentativa de golpe contra Chávez em 2002. Ofendido, o atualprimeiro-ministro espanhol, José Luiz Zapatero, pediu respeitoe ainda a adoção de uma norma de conduta que imponharespeito aos atuais e ex-governantes ibero- americanos.Cháveztentou responder e Juan Carlos mandou-o calar a boca.“Nãohá divergência apenas entre o rei Juan Carlos e oChávez. Há muitas divergências entre outroschefes de Estado. A divergência faz parte de um encontrodemocrático”, disse, após encontro com o presidenteda Guiné-Bissau, João Bernardo Nino Vieira, no Paláciodo Itamaraty.“Não acho que houve exagero”,respondeu. “A diferença, qual é? É que o reiestava na reunião. Não foi um de nós[presidentes dos países]. Entre nós, divergimosmuito”, justificou.Em defesa de Chávez, Lula disseque a Venezuela é um país democrático. “Podemcriticar Chávez por qualquer outra coisa. Por falta dedemocracia na Venezuela, não. Na Venezuela, já houvetrês referendos, três eleições, quatroplebiscitos”, afirmou.O presidente voltou a comparar apermanência de líderes europeus durante muitos anos nopoder e a reforma constitucional proposta por Chávez, quepermitirá ao presidente da Venezuela se reeleger infinitasvezes, se aprovada em plebiscito marcado para 2 de dezembro.“Por que ninguémse queixou quando Margaret Thatcher [primeira-ministra britânicaentre 1979 e 1990] ficou tantos anos no poder?”, questionou. “Écontinuidade, não tem nada de distinto. Muda apenas o sistema,o regime, de presidencialista para regime parlamentarista. Nãoimporta o regime, mas o exercício do poder”,acrescentou.Lula informou também sobre o adiamento desua visita a Cuba, prevista inicialmente para os próximos dias22 e 23. Ele disse que preferiu ter mais tempo para analisar umasérie de pedidos feitos pelogoverno cubano durante o encontro no Chile.“Em vez de ir agora,prefiro adiar por 30 dias, preparar essa nova proposta que os cubanosme entregaram e levar lá um acordo com muito mais coisas doque eu ia fazer”, disse, explicando que iria tratar de aumentar ocrédito para Cuba comprar alimentos no Brasil e paraprospecção de petróleo. Além de Cuba, oroteiro previa paradas no Haiti e na República Dominicana.