Marcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - Um grupo de jovens em conflito com a lei internos naFundação da Criança e do Adolescente (Fundac) começou a ser ouvido, hoje (14) de manhã,por psicólogos, assistentes sociais e advogados. A intenção é descobrir o quemotivou a tentativa de fuga de 150 internos da instituição, ontem (13) ànoite.Eles atiraram pedras nos agenteseducadores temporários, que fazem a segurança da unidade, queimaram colchões,incendiaram a portaria e causaram danos ao setor administrativo. Durante otumulto, um jovem de 17 anos foi espancado até a morte e doisadolescentes sofreram queimaduras e ferimentos.Os internos dos pavilhões 3e 6 não participaram da rebelião. A situação só foi controlada com a chegada dos policiais do Batalhão deChoque e da Companhia de Operações Especiais. A Fundac fica no município de Abreu e Lima, naregião metropolitana de Recife.
Por causa da situação tensa, a presidente da Fundac, Ana CéliaFaria, decidiu mudar o esquema de visitas dos familiares aosinternos, programado para hoje. Ela justificou que não foi possível suspender as visitas por causa do clima de ansiedade que se criou depois do episódio.
“A solução foi criar uma comissão comrepresentantes de três familiares de cada um dos nove pavilhões, para visitaros filhos e repassar informações sobre os outros internos às mães que nãopuderem entrar na unidade”, explicou.
Ana Célia Faria não acredita que a tentativa de fugaem massa tenha sido motivada pela superlotação do prédio, que abriga 304 jovens de15 a17 anos, quando a capacidade é para 98.
“Eles não reclamam das acomodações, mas existe a preocupação porque Pernambuco é o quarto estado do país com maior número deinternações de jovens por prática de homicídio, roubo e furto”, frisou.
A presidente da Fundac disse também que umaequipe de engenheiros já iniciou um levantamento para saber o quanto seránecessário investir para recuperar o patrimônio depredado.
O coordenador de Segurança da Fundac, coronel Alexandre Viana, supõe queos adolescentes foram influenciados pela rebelião ocorrida no presídio AníbalBruno.
“Toda vez que existe um movimento de rebelião, não só em presídios doestado, mas em unidades que abrigam adolescentes no país, ocorre uma agitação que acaba influenciando os internos”, justificou.