Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (SNEA), José Márcio Mollo, disse hoje (7) ser contrário a qualquer intervenção do Estado para ajudar a BRA Transportes Aéreos a retomar seus vôos. Para a entidade, o problema tem de ser resolvido pelo mercado.“Não aceitamos a intervenção do Estado e não vemos razão para que se gaste dinheiro público a fim de manter empresas que não têm condições de competir”, afirmou Mollo em entrevista à Agência Brasil.Segundo o representante das empresas aéreas, a decisão da BRA de suspender todos os vôos a partir de hoje (7) e de dar aviso-prévio aos 1.110 funcionários não foi uma surpresa. “O setor já esperava um problema com a BRA desde que a Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] determinou a redução do número de aviões da empresa por causa de problemas”, avaliou.Em 18 de outubro, a Anac suspendeu as vendas de passagens internacionais da empresa por causa de problemas com os Boeings 767 que a companhia utilizava nas rotas internacionais. Duas aeronaves tiveram de ser submetidas a inspeções por apresentarem defeitos.Para Mollo, mesmo que a BRA deixe de operar, o impacto para o setor aéreo será pequeno: “A participação dela, no último mês, foi de 4.6% dos passageiros transportados. Uma participação muito pequena e que, com certeza, as outras empresas terão condições de suprir”.Quanto à possibilidade de outras companhias transportarem os passageiros que compraram passagens antecipadas, Mollo diz que a decisão vai depender de a BRA demonstrar condições e disposição de ressarcir as empresas pelos gastos. “A princípio, os passageiros com passagens marcadas devem procurar a própria BRA para serem reembolsados. Quanto aos que já estavam viajando e têm de retornar aos seus lares, as empresas garantem trazê-los”, explicou.Esta tarde, as empresas aéreas Gol, Varig, TAM, OceanAir e Webjet confirmaram que transportarão os passageiros da companhia BRA que estão em trânsito, endossando suas passagens.De acordo com o presidente do sindicato, a situação da BRA nada tem a ver com a crise do setor aéreo, que ele diz se restringir a carência de infra-estrutura. “As empresas aéreas não estão em crise. Até setembro deste ano, houve aumento de 10% do número de passageiros, o que significa que o setor continua crescendo, apesar de todos os problemas”, argumentou. “As empresas regionais, pequenas, estão crescendo muito, em proporções até maiores que as grandes.”