Desperdício na irrigação e desmatamento são problemas para revitalização do São Francisco

08/05/2007 - 21h57

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O assoreamento do Rio São Francisco foi umdos principais problemas apontados em audiência públicana Câmara dos Deputados. “Um dos problemas graves e que ébem visível na calha do rio é o assoreamento, causadopela erosão na região do planalto, onde se expandemuito rapidamente o cultivo de soja e algodão. Esse avançorápido leva a um desmatamento desenfreado que causa essesproblemas de erosão que são irreversíveis”,afirmou a assessora do Projeto de Articulação Popularpara a Revitalização do Rio São Francisco,Andrea Zellhuber. Ela participou hoje (8) de audiência públicana Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentávelda Câmara dos Deputados.Ela também falou sobrealguns dos problemas causados pelas barragens do SãoFrancisco. “As barragens alteram completamente os ciclos de cheia evazante do rio e isso trás um efeito negativo para os peixesque não conseguem mais circular pelo rio naturalmente e tambémpara a pesca”.O superintendente de Recursos Hídricosdo Estado de Sergipe, Ailton Francisco da Rocha, que tambémparticipou da audiência, destacou que em algumas regiõescomo Alto Preto e Alto Grade, Verde Grande e alto SãoFrancisco há disputas pelo uso da água do rio. Segundoele, grande parte dessa disputa se dá entre a irrigaçãoe a geração de energia ou entre a irrigaçãoe o abastecimento humano.''Normalmente o conflito éprovocado pelo uso indiscriminado da água pela irrigaçãoem virtude da grande demanda que esse setor requer. Alémdisso, cerca de 60% da água usada para irrigaçãoé desperdiçada, e isso acaba comprometendo os demaisusos, inclusive aqueles que requerem uma opção maisnobre, como o abastecimento humano”, explicou.Eleacrescentou ainda que o uso dos recursos do São Franciscodevem levar em conta vários o abastecimento humano, irrigação,geração de energia, navegação e agarantia do ecossistema.O deputado Iran Barbosa (PT-SE), queestava presidindo a audiência, afirmou que as discussõesforam muito proveitosas e que serão úteis para elaboraro relatório final da subcomissão do SãoFrancisco, criada pela comissão de meio ambiente para avaliaros impactos do projeto de transposição do Rio SãoFrancisco. Ele disse ainda que até o meio do ano serádivulgado o relatório parcial da subcomissão.Eletambém comentou sobre as obras de transposiçãodo Rio São Francisco. Para o deputado, ainda é precisohaver mais discussões sobre o assunto. “Precisávamosdar mais uma dilatada nesse prazo de início dessas obras paraque pudéssemos aprofundar essa discussão e corrigir emtempo eventuais problemas que a obra possa apresentar futuramente”,disse.Nesta segunda-feira (7) o ministro da IntegraçãoNacional assinou a ordem de serviço para o início dasobras de transposição do Rio São Francisco. OExército recebeu do ministério R$ 26 milhõespara construir 6 quilômetros de construção dedois canais de aproximação do rio com estaçõesde bombeamento. O dinheiro também será usado paraconstrução de estradas de acesso a estaçõesde bombeamento. Esse obra inicial será feita nos municípiosde Floresta e Cabrobó, em Pernambuco.O projetocompleto de transposição prevê a construçãodos canais na direção Leste, que levará águapara Pernambuco e Paraíba, a partir da captaçãono lago da barragem de Itaparica e no sentido Norte, abastecendo oCeará e o Rio Grande do Norte com a retirada sendo feita nasimediações da cidade de Cabrobó.