Sociedade civil pede propostas concretas para educação especial no PDE

01/04/2007 - 18h18

Ana Luiza Zenker
Da Agência Brasil
Brasília - A educação especial é um tema que avançou desde que Luiz Inácio lula da Silva assumiu a Presidência e, por isso, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) não está à altura do que o governo já fez. Essa é a opinião de especialistas em educação, inclusão e deficiência ouvidos pela reportagem da Agência Brasil.Uma delas é Cláudia Werneck, jornalista e diretora da organização não governamental Escola de Gente – Comunicação em Inclusão. Ela se diz surpresa porque o PDE não apresenta propostas concretas para a educação de pessoas com deficiência, seja em salas de aula especiais ou no ensino regular. Entre as 15 principais medidas em estudo, nenhuma menciona este nível de ensino.“Na prática o governo está mais avançado, mais consciente do que no próprio plano. Fiquei decepcionada com a forma como o próprio governo recuou e de alguma forma minimizou seus próprios méritos e avanços”, diz Werneck.A professora da Faculdade de Educação da Universidade de Campinas (Unicamp) Maria Teresa Mantoan segue a mesma linha de pensamento. Defende que a escola deve ser inclusiva e possibilitar o acesso de todos, tenham eles deficiência ou não. “Não é uma questão de valorização, é uma questão de base".O principal argumento contra o plano é que ele trata a educação inclusiva - ou seja, colocar na mesma sala de aula alunos com e sem deficiência - como algo opcional, e não obrigatório. A procuradora da República Eugênia Fávero, que acompanhou a formulação do plano, defende que “constar isso e [não constar] nada é quase a mesma coisa". "Enquanto você tem a educação inclusiva apenas como opção, como idéia, mas não necessariamente como uma política de governo, é muito difícil na prática ela acontecer”.“Esse discurso da valorização precisa ser traduzido em ações práticas e concretas”, complementa Elizabet Dias, do Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas comDeficiência Visual de Belo Horizonte. Ela, no entanto, não é tão crítica em relação ao PDE, porque“valorizar a educação para todos os que precisam ir para a escola nuncaé um retrocesso”.O Ministério da Educação está recebendo sugestões para a elaboração do texto final do PDE pelo endereço eletrônico pde@mec.gov.br. O ministério alega que o plano apresentado ainda é um esboço, aberto a comentários, e que o texto final deve ser apresentado na segunda quinzena de abril. O ministro Fernando Haddad e a secretária de Educação Especial, Cláudia Dutra, não comentaram as críticas.