Dois anos após Chacina da Baixada Fluminense, apenas um acusado foi a julgamento

01/04/2007 - 18h45

Luiza Bandeira
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Dois anos depois da Chacina da Baixada Fluminense, apenas um dos sete acusados foicondenado pelo crime. Outros cinco policiais militares suspeitos departicipar da matança, que deixou 29 pessoas mortas e umaferida, ainda não foram levados a julgamento. Um sétimoacusado, que estava colaborando com as investigações,acabou sendo morto. A chacina aconteceu em 31 de marçode 2005 em Nova Iguaçu e Queimados (RJ). O promotorresponsável pelo caso, Marcelo Muniz, disse que a demora dosprocessos se deve à estratégia da defesa de adiar osjulgamentos. "O processo é absolutamente complexoe mesmo assim já há uma condenaçãounânime de um dos acusados. Só não háoutras condenações porque a defesa, percebendo que aprova do processo é extremamente robusta, vem adotandoprocedimentos para evitar que o processo corra de maneira adequada",explicou. Segundo Marcelo Muniz, cinco policiais militaresforam acusados por participação direta na chacina. Emagosto do ano passado, o soldado da Polícia Militar CarlosJorge de Carvalho foi condenado a 543 anos de prisão. Ojulgamento de José Augusto Felipe e Fabiano GonçalvesLopes, que estava marcado para 12 de fevereiro, foi adiado porque osadvogados dos réus desistiram de defendê-los. Um novojulgamento foi marcado para 22 de maio. Já os advogados deJulio César Amaral e Marcus Siqueira recorreram da decisãoque os submete a julgamento. "A análise doprocesso fica mais fácil agora [com a sentençacontra Carlos de Carvalho]”, disse o promotor Marcelo Muniz. “Atese deles é absolutamente conflitante, cada um diz que estavanum lugar. Na medida que você prova que eles saíramjuntos do bar, com o depoimento das testemunhas, você quebra oálibi deles. Se a condenação do primeiro foiunânime, certamente a dos demais também deveráser." Outros dois policiais militares foram indiciadospor formação de quadrilha. O cabo Gilmar Simão,que aguardava o julgamento em liberdade, foi assassinado em outubrode 2006 por ter colaborado com as investigações. O caboIvonei de Souza, que também responde por formaçãode quadrilha, entrou com um recurso contra a realizaçãodo julgamento. Segundo o promotor, a condenaçãode Souza é importante porque comprovaria sua participaçãoem um grupo de extermínio, o que significaria que ele seenvolveu em outros homicídios. De acordo com Marcelo Muniz, aprisão do grupo de policiais pode ter reduzido em 40% o númerode homicídios em Nova Iguaçu.