Indústria de armas movimentou 0,04% da receita industrial em 2004

24/03/2007 - 17h26

Vítor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A indústria dearmas e munições brasileira gerou, em 2004, R$ 547milhões em receitas, segundo os dados mais recentes doInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesardo número parecer expressivo, ele representa 0,043% da receitatotal gerada pela indústria nacional no período. Menos,por exemplo, que a fabricação de pilhas e baterias (R$1,4 bilhão) e a reciclagem (R$ 709 milhões).“Se a gente analisaresse setor, ele é um setor pequeno do ponto de vistaeconômico. Se você comparar a possibilidade de geraçãode emprego, de atividade econômica ou de PIB [ProdutoInterno Bruto], comparando com outros setores da economiabrasileira, ele é realmente uma gota d’água. O quenão quer dizer que ele não seja importante numaconjuntura específica”, afirma o economista do Departamentode Política Científica e Tecnológica da Unicamp,Renato Dagnino.A produçãonacional de armas está concentrada em poucas empresas, quemantêm cerca de 6.500 empregos, segundo dados de 2004 do IBGE.O relatório da CPI das Armas, divulgado no ano passado pelaCâmara dos Deputados, enumera sete delas, a maioria no RioGrande do Sul, estado sede da Taurus, da Amadeo Rossi (subsidiáriada Taurus comprada na década de 90) e da Boito/E.R. Amantino. Segundo o especialistaem Tecnologia Militar da Universidade Federal de Juiz de Fora,Expedito Bastos, a indústria brasileira poderia ser maior.Segundo ele, a legislação do Brasil acaba coibindo umaexpansão dessa indústria, com mecanismos como oestatuto do Desarmamento, aprovado em 2003 pelo Congresso, quedificulta o porte de armas.“Acho importante teruma indústria de defesa. É um ganho importante para opaís, em termos tecnológicos, já quepraticamente todo o conhecimento que é agregado a essa áreatanto serve para o meio militar como para o meio civil. Os paísesmais desenvolvidos do mundo dominam muito essa área e, apartir daí desenvolvem outras áreas agregadas a ela”,afirma Bastos. Segundo ele, ainda, odesenvolvimento da indústria bélica é tambémimportante do ponto de vista estratégico.Para o economistaRenato Dagnino, é importante o governo e a sociedade avaliaremse vale a pena permitir o crescimento da indústria bélicabrasileira, que já é considerada a maior da AméricaLatina, em termos de armamento leve.“Talvez esse setortenha um problema adicional, porque ele produz um tipo de bem quecostuma causar problemas, seja no nível interno, já queele não diminui o problema da criminalidade e da agressão,seja no nível externo, porque ele produz algo que pode serusado de forma não muito civilizada. Ou seja, arma mata. Issotende a gerar um problema para a imagem do país e problemas derelações internacionais”, diz Dagnino.