Glock suspende plano de instalação de fábrica de pistolas no Brasil

24/03/2007 - 17h14

Vítor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O diretor-geral dadivisão latino-americana da fábrica austríacaGlock (Glock America), Luiz Antonio Horta, informou, à AgênciaBrasil, que a empresa desistiu de implantar, por enquanto, umaindústria de pistolas em território brasileiro. Segundoele, foram feitos três pedidos ao Exército, desde 2005.Todos eles teriam retornado com as mesmas exigências que nãoagradaram à multinacional.Segundo Horta, paraautorizar a instalação, o Exército teria exigidoque, no prazo de três anos, a fábrica brasileira daGlock produza todas suas pistolas com 100% de componentes fabricadosno Brasil, pela própria empresa ou não. Nesses trêsanos, a Glock teria sua produção restrita a cinco milunidades por ano.O diretor da Glockdisse que a empresa fez três propostas alternativas ao comandomilitar e, em todas elas, o Exército respondeu fazendo a mesmaexigência de 100% de nacionalização em trêsanos. “Com essa proposta, é muito difícil,praticamente impossível. A Glock produz três mil armaspor dia. Querem que, durante esses três anos, tenhamos a produçãoanual de dois dias. Essa proposta [do Exército] mata a empresa enos tira a vontade de investir no Brasil”, afirmou Horta.De acordo com oexecutivo, a última proposta apresentada pela empresaaustríaca previa uma instalação em seis etapas,que durariam seis anos. Na primeira, a Glock montaria 15 milpistolas, todas com componentes austríacos. Nas segunda eterceira fases, 25% e 35% das armas, respectivamente, seriamfabricadas com material nacional.A quarta etapa jáprevia a fabricação de todas as pistolas com o chassi(corpo de arma) nacional, mas com outras peças estrangeiras.No quinto e sexto ano, já seriam incorporados o ferrolho e ocano brasileiros, tornando a arma 100% nacional, como o Exércitodeseja. Mas a proposta também foi recusada.“A gente pode atévir a fazer outra proposta, porque continuo com a mesma proposta e omeu objetivo é de que a fábrica seja no Brasil. OBrasil é um país viável, assim como a China, aTurquia e a Colômbia. É muito difícil que a gentevolte a negociar. A menos que uma flexibilização (doExército) seja espontânea”, afirma Horta.Horta diz que o Brasilestá recusando a oportunidade de sediar a única fábricada Glock fora da Áustria, uma vez que as outras unidades forada Europa são apenas linhas de montagem e não produzemas peças usadas nas pistolas. Segundo ele, a Glock produziu,no ano passado, 680 mil armas. O plano para o Brasil incluíafabricar 350 mil pistolas por ano.Em nota divulgada pelaassessoria de imprensa, o Exército informou que “estabeleceuas condições para essa instalação [daGlock no Brasil], visando obter a plena nacionalizaçãodo produto, em prazo considerado adequado e, desde então,aguarda nova manifestação da empresa.”