Unicef defende que superação da violência entre jovens depende de educação integral

02/03/2007 - 19h37

Juliana Andrade e Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O oficial de programas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Mario Volpi, defendeu que a superação do quadro de violência entre os jovens inclua a implementação do ensino integral no país. A idéia seria conciliar as disciplinas regulares à formação profissional e a atividades de esporte, lazer, cultura e arte.De acordo com o Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, divulgado esta semana pela OEI, em 2004, os estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Distrito Federal e Alagoas foram os estados que mais registraram casos de assassinatos nessa faixa etária. Os dois primeiros, por exemplo, possuem uma taxa de mais de 100 mortes registradas para cada grupo de 100 mil jovens. Ou seja, um em cada grupo de mil jovens tem uma morte violenta. Ao fazer um cruzamento da violência com o resultados do Relatório de Desenvolvimento Juvenil, divulgada em 2006, é possível mostrar que esses estados também apresentam altas taxas de desocupação de jovens. Pernambuco,  Somente Rio de Janeiro, entre os mais violentos, não está na lista com mais jovens desocupados.Mario Volpi explicou que, em 2005, houve cerca de 5,5 mil assassinatos de crianças e adolescentes, contra aproximadamente 800 homicídios cometidos por jovens. “Eles são muito mais vítimas do que autores das infrações”. Para ele, a desocupação não é um “componente forte” para explicar o fato de os jovens terem se tornado as principais vítimas da violência no país.“Eu diria que o desemprego é mais uma conseqüência da falta de investimento na educação do que causa da criminalidade. Não creio que a oferta de empregos para adolescentes seria uma garantia de redução da criminalidade, agora uma oferta de ensino básico, fundamental é médio, consistente, baseado em valores, aprendizagens, conteúdos que fazem sentido para a vida, pode de fato representar uma oportunidade maior para o adolescente se inserir na sociedade”, disse Volpi.Por isso, sugere a educação integral como alternativa. “Sem dúvida essa poderia ser uma das soluções para a questão da violência, da exclusão social. A educação de tempo integral tem funcionado muito bem nos países que implementam esse tipo de política como uma função agregadora da comunidade”, afirmou ao citar experiências bem sucedidas no Chile, Costa Rica e Argentina.