Africanos pedem ajuda da Embrapa para produzir biocombustíveis

02/03/2007 - 21h27

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As experiências da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na produção de energia a partir de produtos agrícolas despertaram o interesse de representantes de 17 países africanos. Eles estiveram hoje (2) na sede da Embrapa em Brasília para conhecer os projetos do escritório que a empresa abriu na África.Instalado há três meses em Acra, capital de Gana (país do oeste africano), o escritório da Embrapa pretende gastar US$ 500 mil neste ano para fornecer tecnologias de cultivo e capacitação técnica a produtores rurais na África. Além de ajudar na produção de alimentos, a Embrapa confirmou que pretende auxiliar os países africanos a produzir biocombustível.“Ainda não há nada de concreto, mas vários países nos têm apresentado essa demanda”, afirma o presidente da Embrapa, Silvio Crestana. Segundo ele, o escritório na África pretende ajudar os países a identificarem vegetais que podem ser transformados em fonte de energia.O embaixador de Moçambique no Brasil, Isaac Murargy, ressalta que o país espera a transferência de tecnologia da Embrapa para a produção de álcool de cana-de-açúcar. “Essa é uma área que, para nós, tem grande importância”, ressaltou. “A gente conta com o apoio do Brasil nessa área do etanol, até porque somos um grande produtor de cana.”O coordenador do escritório da Embrapa em Acra, Cláudio Bragantini, acredita que o biocombustível será uma das principais vertentes da atuação da empresa na África. Ele, no entanto, explica que o desenvolvimento de combustíveis alternativos deve ser feito com cuidado para que não se crie competição com a produção de alimentos. “Existe um interesse muito grande da África nesse assunto, mas é preciso ter visão estratégica para identificar o melhor produto que pode ser transformado em energia”, pondera.Bragantini cita o caso dos países de clima semi-árido, onde a produção de álcool de cana-de-açúcar é inviável porque requer grandes áreas e muita água, nem sempre disponível. Nessas áreas, segundo ele, o melhor é recorrer a culturas como mamona e pinhão manso para a produção de biodiesel. “A gente tem de analisar caso a caso”, destaca.