Crescimento da atividade industrial paulista está abaixo do esperado pelo setor

01/03/2007 - 21h40

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os industriais de São Paulo consideram que o crescimento do setor está muito aquém do esperado. A produção na indústria de transformação cresceu 0,8% sobre dezembro do ano passado e 4,2% na comparação com janeiro de 2006. “Nós temos que olhar a trajetória porque dados estatísticos podem levar a enganos e quando olhamos para a trajetória percebemos que a indústria está em patamar de estabilidade, chocha, sem dinamismo, estacionada em uma baixa taxa de crescimento”, avaliou Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).Na análise Francini, o desempenho é favorável em apenas alguns segmentos. No resultado de janeiro, a indústria de minerais não metálicos (fabricantes de tijolos, cimento, cerâmica, vidros entre outros), aparece entre os setores de melhor desempenho com aumento de 1,1% em sua atividade sobre dezembro e crescimento de mais de 18% no volume de vendas reais. O que emperra uma retomada mais significativa, na sua opinião, é a política cambial com o dólar desvalorizado e a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, ainda em nível considerado elevado, em 13% ano ano.Francini explica que a maioria das empresas, para não sucumbir diante da concorrência com os importados, tem recorrido a estratégias não tão boas para o país como um todo. Segundo ele, para se manter muitos passaram a ser distribuidores de importados, o que significa “redução da produção doméstica, do nível de emprego, da geração de renda”. “A empresa mantém-se viva, mas o país definha.”Para Francini, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) deve dar uma injeção de ânimo na atividade produtiva industrial porque “o governo mostra a intenção de dobrar o investimento público comparativamente a 2006 e isso em parte criará demanda de bens do setor”. Mas na sua concepção, o PAC, sozinho, não será capaz de tirar “a indústria de uma situação ruim para uma situação boa”.Já o diretor do Departamento de Economia do Ciesp, Antonio Correa de Lacerda, enfatiza que, nos últimos há 4 meses, a atividade industrial está, praticamente, “estagnada” sob o efeito dos juros e do câmbio. Ele considera que o “Brasil deveria estar produzindo mais para aproveitar a demanda aquecida” do mercado internacional.“Estamos com um crescimento que é mais ou menos metade da média internacional e em cerca de um terço da produção dos países em desenvolvimento. Ou seja, com a oportunidade desperdiçada de ampliar o valor agregado”, disse em relação ao desestímulo das exportações.