Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O número total de acidentes de trabalho pode ser três vezes superior ao dos trabalhadores registrados. A estimativa é do coordenador da Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Marco Perez. Dados divulgados na última semana pelos Ministérios da Previdência Social e do Trabalho e Emprego apontaram a ocorrência de 491.711 acidentes de trabalho. Os números foram publicados em um anuário estatístico que tem por base informações coletadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por meio da Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT). “A gente sabe que é mais do que isso”, afirmou Perez.O trabalhador que possui carteira assinada e sofre algum tipo de acidente pode recorrer à Previdência Social, enquanto aquele que não tem registro não tem esse direito. Além disso, Marco Perez aponta que pode ser que ele exerça uma atividade de maior risco e sem proteção.Segundo ele, os setores que apresentam elevado índice de acidentes de trabalho são a construção civil e o setor da mineração. Marco Perez citou ainda os "motoboys", que têm uma jornada intensa de trabalho e sofrem acidentes que podem levar à morte. Outra categoria que sofre é a rural e citou como exemplo o cortador de cana. “A pessoa sabe do risco, mas não tem outra opção. Tem que cortar tantas toneladas de cana com aquele facão porque ela não tem opção, mesmo sabendo que ela está trabalhando em uma atividade de risco”, afirmou.Mesmo com informações ao trabalhador, ele considera importante melhorar a relação entre o trabalhador e o empregador. ‘Você pode mostrar o risco. O trabalhador sabe, mas não tem condições de trabalhar de forma mais adequada. Então, você pode trabalhar essa questão, de educação, dizer como, mas não vai adiantar nada se as relações de trabalho não proverem condições melhores de trabalho”, disse.Marco Perez disse que o governo tem procurado avançar no diálogo com uma política integrada entre os Ministérios da Saúde, Trabalho e Previdência. “Onde a saúde detecta problema, o Ministério do Trabalho deve ser acionado para intervir com o empregador. A Previdência Social deve reconhecer. Essa integração é um passo importante para o governo federal que começa a caminhar nessa direção”, avaliou.