Cooperação virá depois de missão militar no Haiti, defende ministro

21/01/2007 - 17h21

Daniel Merli
Enviado especial
Nairóbi (Quênia) - O ministro Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência,considera justa a reivindicação dos haitianos presentes ao 7º Fórum SocialMundial, de que a missão militar comandada pelo Brasil seja transformada em umgrupo de cooperação. Hoje, o militante haitiano Camile Chalmers afirmou que “em vez de mandar seus soldados, o governo brasileirodeveria enviar alfabetizadores e técnicos da área de biodiesel". E acrescentou: "Queremosaprender com o Brasil as ótimas experiências recentes que o país vêm vivendo,como o Bolsa Família. Isso é o que resolve nossos problemas”.Dulci, que chefia a delegação governamental brasileira ao Fórum, afirmou: "Não temos a pretensão de achar que tudo o que fazemos é bem feito. Por isso, estamos dispostos a ouvir a opinião dos movimentos sociais". Sobre a ajuda ao Haiti, o ministro argumentou: "Foram dois momentos de trabalho. O primeiro, que está seconcluindo agora, é a missão necessária que foi chefiada pelo Brasil. O país estava em guerra civil, precisava de um apoio externo”. O ministro também considerou importante que o governo brasileirotenha assumido o comando da Missão das Nações Unidas para Estabilização doHaiti (Minustah). “Se o Brasil não concordasse em comandar a missão de paz, o governo norte-americano o faria. E o sentimento dos países da AméricaCentral em relação aos Estados Unidos não é tão bom como em relação ao Brasil”, disse.Segundo Dulci, a situação política haitiana mudou com aeleição, no ano passado, do presidente René Preval. “Agora o Haiti está em umnovo momento, mas foi o próprio governo haitiano que reivindicou o prolongamento damissão”, explicou.Mesmo que as Nações Unidas renovem a missão, acrescentou o ministro, "chegou o momento de um novo relacionamento com o Haiti". Ele explicou, concordando com a sugestão de Chalmers: “Agora temque haver cooperação, para reconstrução do tecido produtivo e, principalmente,na área social, com educação, saúde. Mas dessas ações também têm de participar os países maisricos do mundo, que têm de transformar seus compromissos verbais emcompromissos reais”. Dulci informou ainda que a França e os Estados Unidos nãoliberaram os fundos de apoio ao Haiti, com os quais haviam se comprometido.Para alguns dos dez habitantes da ilha que viajaram à África para participar do 7º Fórum Social Mundial, o povo haitiano não quer a renovação da Minustah. “Isso é apenas uma nova forma de colonização do país”,disse Nixon Bornta, estudante de sociologia e militante do Movimento DemocráticoPopular (Modep), em entrevista à Agência Brasil.