Spensy Pimentel
Enviado especial
Cochabamba (Bolívia) - Representantes de governos que participam da Iniciativa para a Integração da Infra-Estrutura Regional da América do Sul (IIRSA) reconheceram hoje (8) a possibilidade de revisar os projetos para o continente, caso se comprove que não atendem a critérios ambientais ou sociais.Em debate durante a Cúpula Social pela Integração dos Povos, evento paralelo à 2ª Cúpula da Comunidade Sul-Americana de Nações, três representantes da IIRSA – Ariel Pares, do Brasil, Antonio Sosa, da Corporação Andina de Fomento (CAF), e o boliviano Pablo Rabczuk – responderam críticas de ativistas. Disseram que os projetos da iniciativa não são intocáveis e, caso tenham problemas, poderão ser eliminados do programa, ou passar pelos devidos ajustes.“Essa lista não está escrita em pedra”, disse Sosa. Pares, que é secretário de Planejamento e Investimentos Estratégicos no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, lembrou que os projetos da IIRSA serão revisados em 2007, inclusive sob o ponto de vista dos impactos ambientais previstos. “A IIRSA já está mudando”.A iniciativa, criada em 2000, é basicamente uma lista de projetos consensualmente prioritários na área da integração da infra-estrutura sul-americana. Foi estabelecido um plano de ação de dez anos, sob coordenação operacional da CAF, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata). Ativistas presentes hoje ao debate afirmaram que a IIRSA perpetua um modelo de integração que não condiz com o que é proposto pelos atuais governos “progressistas” da região.Atualmente, segundo Ariel Pares, a IIRSA dispõe de pouco mais de US$ 6 bilhões para 31 obras, sendo a mais cara (cerca de R$ 1,8 bilhão) a duplicação da BR-101 na região Sul do Brasil, formando o chamado Corredor do Mercosul.Há ainda as hidrelétricas e a hidrovia do rio Madeira, entre Rondônia e a Bolívia, e a rodovia Interoceânica, que possibilita um eixo de ligação rodoviária entre as costas do Pacífico e do Atlântico, entre Brasil e Peru. As hidrelétricas no rio Madeira foram as obras mais criticadas pelos ativistas. O Movimento dos Atingidos por Barragens e o Grupo de Trabalho Amazônico, em conjunto com duas outras entidades de Rondônia, divulgaram nota criticando a maneira como o projeto está sendo conduzido.