José Carlos Mattedi
Enviado especial*
Brasília - A burocracia institucional e a política centralizadora do país são os principais entraves ao desenvolvimento local no Brasil. A avaliação é do coordenador da 5ª Expo Brasil, o sociólogo Caio Silveira.De acordo com ele, é dessa situação que surge uma das piores “pragas nacionais”: o clientelismo, moldado na figura do despachante, que tem acesso aos poderes e facilita a vida dos que estão no degrau inferior.“A burocracia e a política centralizadora são dois entraves históricos. Quantos prefeitos estão dispostos a abrir mão de parte de seu poder em favor de uma gestão compartilhada em seu município?”,questiona. “Essa prática não diminuiria o poder, mas o fortaleceria, na medida em que aumenta a responsabilidade da comunidade na gestão pública”.Para Silveira, existe no país uma falsa concepção, de que recursos e bons projetos precisam vir sempre da parte de cima, do poder concentrador. É dessa dificuldade em liberar papéis e investimentos que se alimenta o intermediário, a figura que reduz a dependência das populações excluídas e, ao mesmo tempo, as aprisiona, em prol dos interesses pessoais.Esse modelo, acrescenta o sociólogo, é incompatível com a visão moderna de desenvolvimento local. As comunidades, neste caso, são protagonistas de suas iniciativas, que visam resolver carências básicas, como emprego, renda, moradia, educação.“Inverter a matriz de planejamento é o grande desafio. Isso significa que os territórios serão o sujeito do planejamento e que o planejamento nacional terá a flexibilidade de incorporar as idéias e iniciativas da base”, explica. "A cidadania, entre outras coisas, é o direito de você não ser excluído dos canais de participação. O desenvolvimento local pressupõe esse processo de fazer cidadania no Brasil”.A 5ª Expo Brasil começou na quarta-feira (6) e terminou hoje (8), em Salvador (BA). O encontro mostrou experiências de sucesso feitas por comunidades brasileiras e de países de língua portuguesa para diminuir desigualdades sociais. As iniciativas concentram-se nas áreas de economia solidária, agro-indústria, turismo, trabalho e cultura.