Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu aos chefes de Estado sul-americanos reunidos em Cochabamba, na Bolívia, a instituição de um Parlamento de países da América do Sul, ou da América Latina, sediado na cidade. “Que fantástico será o dia em que teremos um parlamento da América do Sul ou um parlamento da América Latina em uma cidade como Cochabamba”, disse, ao discursar ontem (8) na abertura da 2ª Cúpula da Comunidade Sul-Americana de Nações. A justificativa dada por Lula foi a de que a Bolívia fica no centro da América do Sul e, além disso, a população local tratou com carinho os presidentes em sua chegada à cidade para o evento.Em seu discurso, também na abertura, logo em seguida, o presidente boliviano, Evo Morales, apoiou a idéia e agradeceu a Lula pela sugestão.Lula ainda pregou a união dos países da região em torno de projetos de integração social, industrial e comercial. Ele disse que se pergunta por que os países ainda não se decidiram por esse movimento, lembrando que, em 2007, uma comissão composta por representantes sul-americanos vai articular planos para obras de infra-estrutura, energia, política social e integração financeira, que possam a desenvolver as regiões no ambiente jurídico, político e institucional.Segundo o presidente, o desenvolvimento da América do Sul deve ter como objetivo as populações excluídas, com respeito à diversidade cultural da região. Para Lula, os presidentes do continente devem sempre acompanhar a execução de projetos, de modo que eles não se tornem "apenas mais um documento na mesa de burocratas". "Às vezes, os presidentes decidem tratados e um ano depois não se passou nada, porque há mais artigos para proibir que para permitir”, afirmou, ao defender a criação de um ambiente jurídico que assegure a realização dos acordos.“Quero chamar atenção para um ponto essencial nos nossos objetivos: que a comunidade sul-americana estabeleça estreita relação com os movimentos sociais, elevando o nível social e econômico dos povos originários, afrodescendentes, mulheres e, sobretudo, os trabalhadores. Todos eles, atores sociais e políticos que escrevem a história recente, abrindo um futuro de esperança de um mundo melhor”.Na avaliação de Lula, nenhum país, por maior que seja, consegue promover sua economia isoladamente. Por isso, ele acredita que, unidos, os países latino-americanos podem se ajudar mutuamente, a partir da reciprocidade comercial.O presidente afirmou também que o Brasil tem muito mais o que exportar para os países da região. E que é preciso fomentar um maior número de alianças entre as empresas, criando cadeiras produtivas que aproveitem o potencial energético da região - "o maior do mundo" - e desenvolvam a indústria aeronáutica, o transporte, a integração de conexões aéreas. Isso fomentaria o turismo, as comunicações, a construção naval, o setor de medicamentos e a indústria militar.Por fim, Lula sugeriu que seja realizada, no primeiro semestre de 2007, uma reunião de ministros de indústria para articular ações visando ao desenvolvimento industrial e a criação de consórcios para áreas que sejam definidas em conjunto como estratégicas. Para o presidente, isso deve ser feito tendo por base a segurança na justa remuneração, a preocupação com o meio ambiente, a inclusão social e a estabilidade das relações jurídicas. A coordenação da exploração e distribuição de petróleo e gás foi outra sugestão apresentada na abertura da Cúpula. Lula também lembrou da ampliação da rede de interligação elétrica e do aprofundamento de cooperação em combustíveis renováveis, como o metanol e o biodiesel.