Entre as iniciativas de sucesso no campo, água no semi-árido e microcrédito

01/12/2006 - 17h54

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Coordenador da Cooperativa dos Artesãos nos Lençóis Maranhenses, Leonardo de Souza acredita que o Salão Nacional dos Territórios Rurais representa uma oportunidade única para a população dos territórios rurais. O evento terminou hoje (1º), em Brasília, e reuniu representantes de 118 áreas de produção beneficiados por programas de agricultura familiar e economia solidária do governo federal, para troca de experiências.“O evento fez a gente não apenas relatar nossa história, mas aprender com o exemplo dos outros”, disse Souza, que, além da cooperativa, atua em uma escola rural que oferece atividades voltadas para o campo para cerca de 50 famílias de Barreirinhas e do município vizinho, Paulino Neves.Para João Carlos Hilmann, que atua numa cooperativa no Vale do Ribeira (Paraná), os projetos de desenvolvimento têm mudado a realidade da região, uma das mais pobres do estado. Como exemplo de iniciativas bem sucedidas, ele relata a aquisição de produtos rurais pelo governo para serem destinados a entidades carentes e a formação de cooperativas de microcrédito para o investimento rural.“A agricultura familiar está promovendo inclusão social e alavancando a economia da região”, disse.No semi-árido pernambucano, o Projeto Dom Hélder Câmara está trazendo água para a região do Sertão do Pajeú. Em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, as comunidades receberam orientações para elaborar planos locais de desenvolvimento sustentável. As ações vão da construção de cisternas e poços artesianos ao financiamento de pequenas indústrias para transformar a castanha-de-caju em biodiesel.“Esses programas têm conseguido resgatar a auto-estima do agricultor nordestino”, analisa José Patriota Filho, diretor de uma cooperativa de assistência técnica na região.Não é preciso se distanciar da capital federal para encontrar histórias de êxito. No município de Padre Bernardo (GO), a 60 quilômetros de Brasília, famílias encontraram o sustento nas árvores retorcidas e na vegetação rasteira do cerrado. Das frutas nativas do Planalto Central, como baru e cagaita, eles produzem geléias, sucos, biscoito e até brigadeiro.“A gente começou com um galpão e hoje temos uma cozinha industrial fornecida por um convênio do Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária]”, conta Elza Rocha, integrante do Grupo Sabor do Cerrado, que existe há cinco anos, tem 24 famílias associadas e a meta de se tornar uma cooperativa. “Nossa vida mudou muito. Até uma sala com computadores já temos”.