Luiza Bandeira
Da Agência Brasil
Brasília - Dados de pesquisa divulgada nesta semana pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) poderão ser utilizados pela universidades brasileiras para implementar mudanças relacionadas ao combate ao tabagismo. Segundo a pesquisadora Liz Almeida, do Inca, "há várias frentes de trabalho e uma delas é transformar a universidade em um ambiente livre do tabaco". Uma das ações seria inserir no currículo o treinamento para o tratamento do tabagismo, "entendendo que o tabagismoé uma doença como as outras". Ela também destacou o trabalho com os próprios estudantes, "já que a pesquisa apontou que a maioria deles que fuma ainda está numa categoria ocasional, então é mais fácil do que se a gente tivesse todomundo já fumando diariamente”. A pesquisa indicou que cerca de 25% dos estudantes já fumaram na áreaexterna do campus da universidade, e que 15% e 20% dos entrevistados demedicina e enfermagem, respectivamente, já fizeram uso do cigarro dentro doprédio em que estudam. Quando perguntados sobre o conhecimento de proibiçõesdas instituições de ensino em relação ao fumo, apenas 8,7% dos futuros médicose 3,7% dos estudantes de enfermagem disseram ter ciência das normas.O questionário incluía questões sobre o modo como os estudantesviam a importância do comportamento do médico e do enfermeiro na relação com ospacientes. Para 66% dos alunos, esses profissionais são modelos de comportamento e mais de 80% dos entrevistados disseram acreditar que o paciente deve serfreqüentemente aconselhado a parar de fumar. No entanto, a pesquisa aponta que apesar de a maioria acreditar que o tratamento para a dependência dotabaco precisa ser feito de forma específica, com uso de medicamentosexclusivos para esse tipo de doença, somente 21% dos alunos da faculdade demedicina e 28% de enfermagem receberam treinamento em seus cursos para cuidar,no futuro, desses pacientes. Apenas 50% dos estudantes de medicina e 62% dos deenfermagem afirmaram ter conhecimento sobre outros métodos de tratamento para adependência que não o uso de adesivos e chicletes de nicotina. Liz Almeida ressaltou ainda o fato de 61,2% dos estudantes de medicina e 67,2% dosalunos de enfermagem terem respondido que fumavam preferencialmente cigarros debaixos teores. “Não existe nenhuma comprovação científica de que os cigarroscom baixos teores façam menos mal à saúde, isso é uma falácia”, disse. Apesquisa mostrou também que 31% dos alunos de medicina e 24% dos de enfermagemcompram cigarros avulsos, fortalecendo assim o comércio ilegal do cigarro.