Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A comercialização de gás natural alcançou novo recorde, em outubro último, com 44,5 milhões de metros cúbicos diários, acima do recorde anterior de 44,2 milhões, registrado no mês anterior. Esse aquecimento se deve ao consumo nas usinas termoelétricas e na frota de veículos adaptados para usar esse combustível alternativo. De acordo com os dados divulgados pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado, o setor de geração de energia elétrica ampliou o consumo em 5,56% e o automotivo, em 1%, em relação a setembro. Em 12 meses, o crescimento para o consumo automotivo aumentou 22,11% e em relação a outubro do ano passado, 9,74%. Em seu comunicado, a Abegás destacou o recente acordo fechado entre a Petrobras e a YPFB (empresa petrofílera boliviana), que envolve as condições de prospecção para um período de 30 anos. ”A nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia, decretado em maio último, tinha gerado incertezas no Brasil, já que parte do gás natural consumido pelos brasileiros vem desse país (19,2 milhões de metros cúbicos diários)”, diz a nota, acrescentando que continua sem resultado o pedido de elevação de preço feito pela Bolívia. As negociações estão previstas para este mês.No setor automotivo, além da característica do “preço mais atraente”, o que tem despertado o interesse pelo gás natural é “a redução dos custos de manutenção”, justifica Antônio Mendes, diretor-superintendente da Associação Brasileira do Gás Natural Veicular (ABGNV). Ele aponta vantagens operacionais e de custos, como “maior durabilidade do óleo lubrificante”. E lembra que o peso do cilindro (entre 80 a 100 quilos) ajuda a dar equilíbrio, facilitando o desempenho do veículo sem tração nas quatro rodas em áreas de lama. Nas montadoras, as escomendas dos modelos flex (movidos a álcool, gasolina ou gás) têm sido modestas. De acordo com a General Motors, os clientes não têm demonstrado interesse pelo opcional. E a Volkswagen, que lançou a tecnologia há um ano, informa que a média é de 120 pedidos nos últimos meses. A frota em circulação com a alternativa do gás natural, no entanto, já é de 1,350 milhão de veículos no país, informa Antônio Mendes – no mundo, são cerca de 6 milhões, especialmente na Argentina, Afeganistão, Rússia e China.No Brasil, os usuários estão concentrados no Rio de Janeiro (80%) e em São Paulo. Os táxis representam cerca de 22%, os carros para transporte pessoa, 27%, e os caminhões de coleta de lixo e ônibus de passageiros, até 11%. Embora ainda não esteja concluído o balanço de novembro sobre o número de veículos convertidos, Mendes informou que deverá ultrapassar os 21,3 mil de outubro. No ano passado, o setor movimentou cerca de R$ 5,8 bilhões, valor que inclui a venda do gás nos postos e também a instalação dos kits de conversão.