No Maranhão, PT e PFL divergem sobre futuro da influência da família Sarney

31/10/2006 - 17h51

José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do PT no Maranhão, deputado Domingos Dutra, considera que a derrota de Roseana Sarney (PFL) na disputa pelo governo do estado significou “o começo do fim da última oligarquia do país”. Já o líder da oposição na Assembléia Legislativa do Maranhão, deputado César Pires (PFL), acha que o resultado “não marca o fim de uma situação, mas apenas a vitória de Jackson Lago”.Lago, do PDT, foi eleito no segundo turno com 51,82% dos votos válidos, contra 48,18% de Roseana, do PFL. Filha do senador e ex-presidente José Sarney, Roseana foi governadora de 1994 a 2002 e desde então é senadora. O atual governador é José Reinaldo Tavares (PSB), antigo aliado da família Sarney que apoiou a campanha de Jackson Lago.“Seria um grande contra-senso do Maranhão não dar cabo de um passado retrógrado. Houve mudanças no perfil político de estados vizinhos, como Piauí, Ceará, Tocantins e Pará. Ainda bem que acompanhamos essa tendência”, assinalou Dutra, que trocou a cadeira de deputado estadual por uma de federal.O parlamentar, no parlamentar, acha prematuro decretar o fim do domínio dos Sarney no Maranhão. “Eles estão feridos, mas ainda vivos”. Ele acredita que José Sarney tentará tirar proveito junto ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja reeleição ele apoiou, para “manter um poder paralelo, de conchavos federais”.Dutra completa: “Essa família tem nas mãos a maioria dos cargos federais aqui no estado. E ainda costuma jogar contra o Maranhão, quando impede que autoridades federais nos visitem e boicota recursos para o governo estadual”.De acordo com o deputado César Pires, a família Sarney manterá suas fortes bases de apoio no Maranhão, por ser “detentora de um poder nacional”. “Temos 19 deputados estaduais, nove federais e três senadores. Isso mostra que os Sarney têm peso político. Ou seja, uma derrota não pode significar um desprestígio para a família”.Conheça também as opiniões de uma cientista política e professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e um professor da Universidade de Brasília (UnB).