Marco Aurélio Garcia diz que não há ministério "inegociável"

30/10/2006 - 22h22

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente interino do PT e coordenador da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, Marco Aurélio Garcia, afirmou hoje (30) que é possível fazer uma frente de partidos no próximo mandato, buscando um governo de coalizão nacional. “Pode ser uma frente de esquerda que se articule com uma frente mais ampla. Vai ser uma frente de esquerda-centro”, declarou Garcia, durante entrevista coletiva na sede de campanha do PT, em Brasília.Quanto à participação de partidos aliados na futura composição dogoverno, ele afirmou que não há ministério "inegociável": “Se nós estamosem uma coalizão, em uma coligação de forças políticas, temos queaceitar que todas são forças idôneas, submetidas a um compromissoprogramático”.Garcia defendeu a realização de uma ampla reforma política para possibilitar a redução no número de partidos, que assim ganhariam maior densidade. “A reforma política, assim como o avião presidencial, não serve a um governo, ela serve à República, durante um longo período.”O presidente do PT acredita que a reforma política aumentará a transparência e ajudará a combater a corrupção. Para ele, a mudança ainda facilitará o diálogo com os partidos oposicionistas. “Não significa diluir a fronteira entre governo e oposição. Nem se trata de reduzir a oposição, mas de respeitá-la. Não queremos cooptar ninguém.”Garcia adiantou que Lula começará a se reunir com os governadores já nos próximos dias, dando preferência aos aliados. “Os governadores vão ter um lugar importante nos debates sobre os destinos da federação.”Segundo o presidente do PT, há um movimento de aproximação do governo com partidos como o PDT e o PV. Garcia negou que o PT tenha “aparelhado” o governo, com a contratação de pessoas ligadas ao partido, e defendeu a realização de mais concursos públicos.“A presença de militantes no governo não é muito superior a que outros governos tiveram. Eu sou favorável que o Estado tenha carreiras estáveis, como acontece nas Forças Armadas e do Itamaraty. Mas para isso precisamos de uma reforma do Estado.” Garcia afirmou também que o PT deve abrir mais espaço a participação de lideranças de outras regiões, principalmente a nordestina, em referência à declaração do governador eleito de Sergipe, Marcelo Déda, de que havia acabado a era dos paulistas no partido.“O PT está muito forte no Nordeste. Acredito que o próprio governador Déda deve ocupar um cargo de relevância no partido."