José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O assédio de advogados aos parentes das vítimas do acidente com o Boeing da Gol, no dia 29 de setembro, tem contribuído para confundi-los sobre o pedido de indenização. A opinião é da empresária Luciana Siqueira, que perdeu o irmão na queda do avião em Mato Grosso e diz que além dos brasileiros, advogados de vários países têm feito diversas propostas aos parentes das vítimas.“O assédio começou no hotel, em Brasília, onde eles também se hospedaram e inclusive colocavam cartões de visita debaixo da porta", conta Luciana, uma das coordenadoras da Associação do Vôo 1907, que já tem sedes em Campinas (SP), Brasília, Recife e Manaus. "O que não falta é oportunista. É preciso ter cuidado”, alerta.Escritórios de advocacia do México, Estados Unidos e Inglaterra, e mais de uma dezena de profissionais brasileiros já procuraram a família da empresária. “Dia desses, dois rapazes se diziam representantes de um escritório norte-americano e depois fomos ver que era uma farsa", revela, acrescentando que "temos dois anos para entrar com uma ação, que pode ser no Brasil ou nos Estados Unidos – não há pressa". Segundo Luciana Siqueira, que mora em Campinas, algumas famílias já fecharam contratos, o que ela considerou precipitado e perigoso: "É hora de ter calma, muita coisa deve ser pensada, até porque as investigações ainda não foram concluídas”. A indenização a ser paga é diferente para cada caso – o valor é determinado pela forma como a morte afeta a vida dos familiares, idade, perspectivas profissionais etc. O irmão de Luciana tinha 38 anos, era empresário de uma multinacional, casado, e deixou dois filhos menores. A associação acompanha as investigações e ajuda na troca de informações entre os parentes. Jorge André Cavalcante, que mora em Brasília e perdeu um sobrinho de 26 anos no acidente, contou que ainda não procurou a Justiça em busca da indenização. E que é grande o assédio de advogados e de pessoas que oferecem "facilidades", serviços e muitas promessas. O sobrinho era casado e deixou um filho de 2 anos. A família já conversou com mais de dez escritórios, nacionais e internacionais. “Estamos avaliando o que pode ser mais interessante. Muitos prometem e poucos cumprem. Temos que tomar a decisão certa para não haver arrependimento”, disse Cavalcante.