Governadora eleita do Pará diz que projeto político diferente venceu eleição

30/10/2006 - 8h25

Mylena Fiori
Enviada especial
Brasília - Com 48 anos, formada em arquitetura e bancária concursada, asenadora Ana Júlia Carepa, do PT, será a primeira mulher a governar o estado doPará. Em 2000, foi a vereadora mais bem votada da história do estado e em 2002tornou-se a primeira senadora eleita pelos paraenses. Em 2004, foi derrotada nadisputa pela prefeitura de Belém. Nestas eleições, perdeu em primeiroturnopara o candidato tucano Almir Gabriel. Conseguiu virar o placar nosegundo turno, com o apoio formal do PMDB, e pôs fim à hegemoniado PSDB, que há 12 anos governa o Pará. Às 20 horas desse domingo (29), com cerca de 80% dos votosapurados no estado do Pará e vantagem irreversível sobre o adversário do PSDB,Ana Júlia deu sua primeira entrevista coletiva como governadora eleita.  “Acho que foi um projeto político quevenceu, um projeto diferente do que estava administrando o Pará e semelhante aoprojeto que venceu noBrasil há quatro anos e agora”, avaliou.  Ana Júlia disse quenão quer  entrar para a história apenascomo a primeira mulher governadora do estado. Prometeu fazer estradas, hospitais, escolas, educação dequalidade. “Mas a minha maior obra será melhorar a qualidade da vida do povo doPará”, acrescentou.A nova governadora reafirmou suas principaispromessas de campanha: “Colocamos sempre, como compromisso, mais segurança,chegar com a saúde mais próximo do povo e ter educação de qualidade”, disse. Elagarantiu que já no primeiro ano de governo abrirá concurso público para essastrês áreas. Também logo no começo do governo, pretende instituir abolsa-trabalho, um programa que combinará capacitação profissional com ajudafinanceira, voltado prioritariamente para jovens, mulheres e trabalhadoresrurais que respeitem o meio ambiente.Mudar o modelo econômico do estado, que responde por quase15% do território nacional, é outra prioridade da governadora eleita.  “Mudar para que possamos agregar valoraos nossos produtos minerais, naturais, florestais. Não é possível mais quesejamos apenas exportadores de matéria-prima”, afirmou, lembrando que o estadoé responsável por 10% da balança comercial brasileira, o 11° estado no PIB e o21° na renda média. “Essa distorção tem que mudar, o povo tem que ter acesso aessa riqueza” destacou Ana Júlia. “Precisamos agregar valor àquilo que é nossamaior riqueza para distribuir renda e gerar empregos. Isso vai vir com formaçãoprofissional e tecnologia. Só assim nós podemos mudar a base produtiva doestado do Pará”.   Para garantir a governabilidade, Ana Júlia se propõe adialogar até mesmo com partidos de oposição. O adversário Almir Gabriel, do PSDB, concorreu por uma coligação formadapor nada menos do que 14 partidos (coligação União pelo Pará,PP-PTB-PSC-PL-PFL-PAN-PRTB-PHS-PMN-PTC-PV-PSDB-PRONA-PT do B). Também recebeuapoio formal do PPS e do PDT. “O meu objetivo é governar para o Pará, então voudialogar com todo mundo”, garantiu.A candidata eleita do PT revelou que ainda nesta semana devecompor uma equipe para iniciar a transição com o atual governo, dopeessedebista Simão Jatene. “Espero que seja tranqüilo, pois estamos numademocracia. Espero que agora o adversário que está no governo esqueça o momentoeleitoral”, afirmou. Com relação à formação do novo governo, disse que serádefinida mais para frente, mas antecipou que pretende administar o estado deforma descentralizada e percorrer todas as regiões do Pará. “Não é apenaschegar de manhã e sair de tarde. É realmente conhecer de perto os problemaspara dar as soluções e governar de forma equilibrada com o orçamento, emparceria com o presidente Lula”.