Sociólogo defende '' grande pacto'' para reforma da educação básica

03/06/2006 - 17h46

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O secretário-executivo da organização não-governamental (ONG) Missão Criança, Carlos Henrique Araújo, defende que a ampliação do ensino pré-escolar é o primeiro passo no sentido de melhorar a educação no país. Segundo ele, o governo federal deve ter uma "função mais ativa" no processo, mas é preciso que estados e municípios também participem para possibilitar que crianças mais carentes tenham acesso a pré-escolas e até mesmo a creches.

"É preciso que as crianças brasileiras tenham uma escola, porque, nas famílias, a imensa maioria de pobres não vai ter hábitos culturais, não vai desenvolver o gosto pelo estudo, não vai desenvolver o gosto pela leitura, pela matemática", afirma Araújo, que é sociólogo.

Para ele, o Brasil precisa firmar "um grande pacto para uma reforma da educação básica", que passe, sobretudo, por melhorias na qualidade do ensino. Araújo lembrou que essa mudança implica formação e valorização de professores.

Segundo o sociólogo, outro avanço importante seria regularizar o chamado fluxo educacional no país. "Não basta termos 97% de matrículas de crianças na escola [ensino fundamental], se não conseguirmos fazer com que essas crianças cheguem ao ensino médio." Para isso, uma das medidas, de acordo com Araújo, seria a implementação de um ciclo pedagógico de não-repetência, de modo a consolidar, principalmente, "as habilidades essenciais em matemática e português".

De acordo com Araújo, a taxa de escolaridade média do Brasil está em torno de 6,5 anos. Para ele, o ideal seria elevar essa taxa para 12 anos. "É preciso fazer com que as crianças, além de estarem na sala de aula, que elas completem o ensino fundamental e depois o ensino médio."

Em relação ao ensino médio, ele defende o fortalecimento da área técnica profissionalizante para aumentar as chances de inserção dos jovens no mercado de trabalho. "Precisamos ter seriamente um ensino técnico e tecnológico no Brasil, além do acadêmico. O ensino médio não pode estar vinculado somente ao vestibular."

O sociólogo é um dos autores do livro Educação: uma Aposta no Futuro, lançado esta semana pela ONG Missão Criança. A publicação coloca a educação básica universal e de qualidade como a principal estratégia para que o país possa romper o ciclo da pobreza e diminuir a exclusão social.