Processo europeu de desenvolvimento tem lições a oferecer, diz presidente de fundação

03/06/2006 - 19h04

Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil

Porto Alegre - O presidente da Fundação Perseu Abramo, Hamilton Pereira, disse hoje (3), durante a conferência internacional América do Sul - União Européia: processos de integração, em Porto Alegre, que o processo europeu de desenvolvimento tem muitas lições a oferecer para uma esquerda que teve despertada, somente nos últimos 25 anos, uma vocação criadora de instituições.

"A esquerda brasileira nunca lidou adequadamente com a construção democrática das instituições, porque era educada na lógica da ruptura", afirmou Pereira. Ele explicou que hoje, a esquerda já incorporou a complexidade da sociedade brasileira e a necessidade de formular um conjunto de idéias sobre o desenvolvimento do continente e do Brasil.

"Compreendemos que não há possibilidade de um desenvolvimento com justiça social, defesa do meio ambiente e diminuição das desigualdades sociais exclusivo do Brasil, e sim como parte do desenvolvimento da América do Sul". Hamilton Pereira disse ainda que foi por essa conscientização que surgiu a idéia da realização da conferência no âmbito das fundações Perseu Abramo (Brasil), Jean-Jaurès (França), Friedrich Ebert (Alemanha) e Pablo Iglesias (Espanha), "mais aberta e distante da disputa política imediata que marca os partidos".

O encontro, que começou nessa sexta-feira (2), debateu hoje o diálogo atual entre União Européia e Mercosul e os desafios para a construção de uma agenda comum. Com o tema central Os processos de integração entre União Européia (UE) e América do Sul, suas dificuldades atuais e perspectivas para o futuro, a conferência reúne mais de 300 pessoas de vários países.

Além dos brasileiros, participam dos debates representantes da Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai, Bolívia e Venezuela.

Segundo os organizadores, amanhã (4), após as reuniões de trabalho do final do encontro, poderá sair um documento com subsídios para a formulação de políticas debatidas no âmbito de cúpulas. O documento será encaminhado aos governos e partidos políticos dos países envolvidos.