Investidor sugere hidrelétrica de menor porte como alternativa para desabastecimento

03/06/2006 - 10h05

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio - O presidente do grupo Energias do Brasil, Antonio Martins da Costa, afirmou, em entrevista à Agência Brasil que "não são os grandes projetos energéticos, como as usinas hidrelétricas do Rio Madeira (RO) ou de Belo Monte (PA), que resolverão o problema de desabastecimento que o Brasil poderá enfrentar próximo ao ano de 2010, de acordo com perspectivas oficiais".

Ele recomendou o desbloqueio "de algumas licitações de outras usinas hidrelétricas de menor porte, mas que tenham dimensão suficiente para responder às necessidades do Brasil" e sugeriu uma estratégia diferente para o setor de termeletricidade. Na avaliação de Martins da Costa, "as usinas térmicas terão que ser uma parte da solução do problema". Mas isso vai depender, alertou, do tipo de combustível usado para geração de energia após a nacionalização, pelo governo boliviano, das atividades de produção e exploração de petróleo e gás.

Os investidores privados, lembrou, estariam dispostos a participar desse mercado, "se a regulamentação e as condições para investimento forem claras – o país vai precisar, há tecnologia para isso, há capital disponível para investir".

Martins da Costa analisou como "um caminho correto" a disposição da Petrobras de investir na produção de óleo diesel vegetal, obtido a partir de sementes como a do óleo de soja, da mamona e da palma, o chamado H-biodiesel . Ele ressalvou que a estatal deve ser rápida. "Tudo isso leva tempo e estamos falando em 2009, 2010, anos em que já pode haver problema de encontro entre demanda e oferta, porque a construção de uma usina térmica demora dois anos e a de uma hídrica, de três a quatro anos".

A Energias do Brasil tem 62,45% de seu capital controlados pela EDP, de Portugal, e 37,6% pulverizados no mercado de capitais. A empresa quer ampliar sua participação no país, onde está presente desde 1997, tendo adquirido no processo de privatização três distribuidoras de energia elétrica (Bandeirante Energia, no Estado de São Paulo; Escelsa, no Espírito Santo; e Enersul, em Mato Grosso do Sul).

Atualmente, a empresa participa de investimentos conjuntos na usina de Lajeado, de 400 megawatts (MW) de potência, no Tocantins; e de Peixe Angical, com 452 MW, esta em parceria com Furnas Centrais Elétricas e prevista para entrar em funcionamento neste ano.