Organização de Cooperativas elogia nova linha do BNDES

21/02/2006 - 15h07

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – A nova linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para capitalização de cooperativas de crédito é uma "medida excelente", avaliou Evandro Ninaut, gerente da Organização de Cooperativas Brasileiras (OCB). A nova linha de crédito se baseou em trabalho desenvolvido há três anos pela OCB que, segundo disse Ninaut, "conseguiu fazer com que o governo entendesse a necessidade de capitalizar as cooperativas de crédito".

O gerente da OCB acredita que a medida era urgente uma vez que pelo Acordo de Basiléia – tratado internacional que formula uma nova abordagem de adequação de capital para as instituições financeiras – as cooperativas já haviam atingido o limite para financiamento.

Evandro Ninaut afirmou que há, atualmente no Brasil, 1.101 cooperativas de crédito, com 2,1 milhões de cooperados e um patrimônio líquido da ordem de R$ 3,2 bilhões. Com a nova linha de crédito do BNDES, aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a intenção é dobrar esse patrimônio líquido para que as cooperativas possam atender melhor seus cooperados.

Ninaut revelou que o financiamento estava sendo limitado devido ao Acordo de Basiléia "porque o teto do capital das cooperativas estava sufocando a questão de empréstimo". Para dobrar o patrimônio líquido atual, o programa aprovado pelo CMN, com duração prevista de três anos, tem pretensão de liberar a cada exercício quase R$ 1 bilhão, "para que, no terceiro ano, haja realmente a duplicação do patrimônio líquido das cooperativas", revelou.

A Organização das Cooperativas Brasileiras defende, entretanto, que o programa do BNDES tenha juros fixos, sem Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), praticada pelo banco em suas operações, porque, como ela é variável, "isso assusta um pouco os tomadores do empréstimo", salientou Ninaut.

Ao contrário do estudo inicial, que previa taxa de juros fixa de 6% ao ano, elevada posteriormente para 8% ao ano pelo grupo de trabalho interministerial que estudou o assunto, a nova linha estabelece TJLP, hoje de 9% ao ano, mais 4%, o que totaliza cerca de 13% ao ano. "Está abaixo do mercado, mas acarreta dificuldades de acessar os recursos", analisou o especialista. Ele acredita que o problema será agravado para as cooperativas de menor porte.

Excetuando a questão dos juros, o programa atende ao objetivo da OCB, disse Ninaut. "Está dentro dos parâmetros dos estudos iniciais. Só na questão do encargo houve um acréscimo mas, mesmo assim, está abaixo do mercado", concluiu.