Iniciativa cooperativista melhora preço do açaí orgânico produzido por pequenos agricultores

16/12/2005 - 8h55

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

MANAUS - A união de quatro cooperativas de agricultures familiares no baixo rio Tocantins, no Pará, fez com que o preço mínimo pago pela lata do açaí subisse de R$ 1 para R$ 3, nos municípios de Cametá, Igarapé Mirim, Abaetetuba e Bacarena. Graças à iniciativa, cerca de 1,5 mil famílas que sofreram o impacto da construção da barragem da usina hidrelétrica de Tucuruí conseguiram aumentar sua renda média para até R$ 1,2 mil, segundo o diretor da Cooperativa dos Produtores Rurais da Agricultura Familiar de Barcarena, José Eustáquio de Oliveira. As informações estão em entrevista veiculada hoje (16) no quadro Meio Ambiente , que todas as sextas-feiras vai ao ar no programa Ponto de Encontro , da Rádio Nacional (Amazônia) .

"Criamos um consórcio de cooperativas agroextrativistas em 2001, conseguimos a certificação orgânica do açaí e firmamos um contrato com a empresa norte-americana Sambazon. Nossa produção, que em 2002 era de mil toneladas, saltou para 2 mil toneladas em 2003. Em 2004, foram 3,7 mil toneladas. Neste ano, esperávamos colher 6 mil toneladas, mas, com a seca, a safra foi curta e devemos ficar entre 2 e 3 mil toneladas", relatou Oliveira. De acordo com ele, a próximo passo das cooperativas do consórcio é buscar financiamento para a construção de uma indústria de processamento.

O açaí é o fruto de uma palmeira amazônica, do qual se extrai a polpa, usada para fazer sucos ou mingaus. Sua utilização na culinária é tradicional na região norte. Nos últimos anos, o alimento popularizou-se também nas outras regiões do país. "Nosso objetivo era eliminar o marreteiro ( atravessador que compra a produção direto do ribeirinho, geralmente em troca de mercadorias da cidade ,). Só organizados a gente podia resistir à exploração dos compradores", afirmou Oliveira.

Ele explicou também o que diferencia o chamado açaí orgânico. "O açaí orgânico é muito mais do que só o açaí retirado do pé. Hoje a gente não trabalha mais só de cueca. Usamos calça, camisa, manga comprida. Tem um tratamento também na condução do fruto, que não baixa mais na lama, mas é carregado sobre uma lona plástica esterelizada. Assim não tem perigo de contaminação", garantiu o agricultor.