Izar espera que "não haja interferência do Judiciário" no processo de cassação de Dirceu

18/10/2005 - 21h16

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, Ricardo Izar (PTB-SP), espera que "não haja interferência do Poder Judiciário no Legislativo" no processo de cassação do deputado e ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu (PT-SP).

O ex-ministro entrou com ação no Supremo Tribunal Federal com o argumento de que não pode ser julgado pelo conselho, pois as denúncias apresentadas contra ele se referem ao tempo em que era ministro.

Izar informou que, se o Supremo Tribunal Federal não conceder liminar ao ex-ministro para interromper a tramitação do processo na sexta-feira (21), o conselho discutirá e votará o parecer do relator. Segundo ele, se o Conselho concluir na sexta-feira a apreciação do processo contra o deputado José Dirceu o Plenário da Câmara deverá votar o pedido de cassação do parlamentar na próxima semana.

Ele elogiou ainda o relatório e o voto do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) do processo que pede a cassação de José Dirceu. "Foi um relatório amplo, com detalhes e minúcias. Foi um relatório bom", afirmou.

Ao comentar as declarações do deputado José Dirceu, o deputado Júlio Delgado disse que é natural que o ex-ministro queira rebater o seu voto. "O que apresentamos não foram ilações nem argumentações, foram evidências e, mais do isso, provas contundentes do envolvimento do ex-ministro no esquema do mensalão", argumentou. "Essas provas foram obtidas nos cruzamentos de dados." Delgado também disse que o deputado "estando investido no cargo de ministro jamais perdeu as prerrogativas de parlamentar, e que isso ficou demonstrado no seu parecer e voto".

O presidente do conselho informou ainda que hoje notificou oito dos nove parlamentares com processos de pedidos de cassação de mandatos. Segundo ele, apenas o deputado José Janene (PP-PR) não foi notificado porque entrou com pedido de licença para tratamento de saúde. Izar informou que já consultou a Mesa Diretora da Câmara para verificar se o prazo para notificação será alterado por causa da licença médica.

Com as notificações, os parlamentares têm até cinco dias para apresentar defesa por escrito e indicar as testemunhas de defesa.