Violência e emprego são as principais preocupações do jovem brasileiro, revela pesquisa

04/10/2005 - 22h57

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
e Adriana Franzin
Da Agência Brasil

Brasília - A violência e o emprego estão entre as principais preocupações dos brasileiros com idade entre 15 e 24 anos. A informação é do sociólogo Gustavo Venturi, um dos responsáveis pela pesquisa Perfil da Juventude Brasileira, realizada em 2003 para o Projeto Juventude. por meio de uma parceria entre o Instituto Cidadania, o Sebrae e o Instituto de Hospitalidade.

Os dados recolhidos em novembro de 2003 coincidem com as informações divulgadas hoje (4) pela Organização das Nações Unidas (ONU) no Relatório Mundial sobre a Juventude 2005, que faz uma análise da situação da juventude mundial.

Estatísticas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicam que o desemprego para essa faixa etária, no mundo, aumentou de 11,7% em 1993 para 14,4% (88 milhões) em 2003, alcançando um recorde histórico, segundo o estudo da ONU. No Brasil, a taxa de desemprego chegou a 40% em 2003. Segundo o Relatório Mundial, a taxa de participação dos jovens na população economicamente ativa caiu em quatro pontos percentuais, entre 1993 e 2003.

Apenas um em cada quatro jovens brasileiros não trabalha e nunca procurou trabalho, segundo Gustavo Venturi. "Isso, em grande medida, por causa da necessidade. Dois terços dos jovens contribuem para a renda familiar com toda a renda que obtêm quando estão trabalhando ou então com boa parte dela", explica.

O sociólogo afirma, no entanto, que o trabalho, para os jovens, não é apenas obrigação, mas representa a conquista da autonomia: "Por isso não pode ser visto só do ponto de vista da necessidade. O trabalho é uma das questões fundamentais para a juventude, hoje".

O estudo brasileiro revelou também que os jovens são as principais vítimas da violência social: 43% deles já perderam alguma pessoa próxima em função de morte violenta. O assassinato e acidente automobilísticos foram as principais causas. Os dados também apontam que um em cada cinco jovens já foi assaltado pelo menos uma vez na vida. "A violência está presente no cotidiano dos jovens e uma das conseqüências dessa realidade é o apoio deles a políticas de combate à violência", acrescentou Venturi.

Durante a pesquisa, cerca de 60% dos jovens disseram apoiar a proibição da venda legal de armas. O mesmo percentual também apoiava a posse de armas em casa e o porte de armas em geral. E cerca de três quartos era a favor da redução da idade penal de 18 para 16 anos, ou até para menos de 16 anos. "Ao nosso ver, explica o certo desespero da juventude de hoje que diante dessa realidade de violência muito forte no seu cotidiano, apóiam qualquer medida que seja sugerida, que pareça que pode contribuir para ajudar a resolver e combater o problema da violência social".

A pesquisa Perfil da Juventude Brasileira ouviu 3.501 jovens em todas as regiões do país, em áreas urbanas e rurais, e em 198 municípios. Além de responderem a questões sobre a violência e o emprego, os jovens deram sua opinião sobre educação, sexo, uso de drogas e segurança. O Relatório Mundial sobre a Juventude 2005 também ressalta esses temas e salienta que mais de 200 milhões de jovens no mundo vivem em situação de pobreza, 130 milhões são analfabetos, 88 milhões estão desempregados e 10 milhões estão contaminados com o vírus do HIV.

Nas recomendações finais, o relatório da ONU cobra ações governamentais em prol da juventude para alcançar os objetivos de desenvolvimento do milênio.