Marcos Chagas e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A vitória do candidato da base do governo à presidência da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), foi comemorada pelos partidos aliados como a retomada da normalidade dos trabalhos legislativos e da busca da credibilidade atingida pelas denúncias de corrupção envolvendo deputados federais e o próprio ex-presidenteda Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE).
"O Aldo tem credibilidade e conduzirá o resgate da pauta, por meio do diálogo com todos", afirmou o líder do PSB, Renato Casagrande (ES). Minutos após a proclamação da vitória por 15 votos de diferença sobre o adversário, José Thomáz Nonô (PFL-AL), - 258 contra 243 - Casagrande disse que "o ambiente da Casa já é outro e vai melhorar ainda mais com a eleição de Aldo Rebelo".
O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) lembrou que o novo presidente da Câmara "tem todas as condições para pacificar a Casa". Aldo Rebelo obteve 258 votos e Nonô, 243. "Foi uma grande escolha para sairmos da crise", afirmou Cardozo, ao ressaltar a necessidade de se dar prosseguimento às investigações dos casos de corrupção envolvendo deputados federais de vários partidos.
Assim que Aldo Rebelo obteve os 251 votos, número suficiente para lhe garantir a vitória, o líder do governo no Senado, Aloízio Mercadante (PT-SP), foi ao plenário da Câmara cumprimentar o novo presidente da Câmara. "O Aldo vai resgatar a dignidade da Casa. Ele demonstrou ao longo de sua vida pública a capacidade de diálogo e negociação. Foi uma disputa democrática e respeitosa", afirmou o líder petista.
A mudança da legislação eleitoral aprovada pelo Senado é uma das matérias que está na pauta da Câmara. O líder do PT na Casa, Henrique Fontana (RS), defende a proposta de emenda constitucional que prorroga para 31 de dezembro o prazo para a aprovação destas alterações. Ele considera necessário que se aprecie, também, questões como o financiamento público de campanhas e a fidelidade partidária. Fontana considerou a vitória de Aldo Rebelo "um trabalho de precisão política da base do governo".
Já o líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), acusou o governo de atuar na compra de votos para garantir a vitória de Rebelo. "O governo depois de tudo que fez, dos métodos que adotou, da compra e venda, da troca, dos favores, da presença de ministros aqui, ter 15 votos de diferença é uma vitória eleitoral, mas uma derrota política do governo", afirmou o parlamentar.
O candidato derrotado José Thomáz Nonô desejou que o novo presidente "receba o espírito da Câmara e que seja independente, altivo e autônomo". E acrescentou: "Espero que o Aldo esqueça a coordenação política (do governo) e seja o presidente de que esta Casa precisa".