Em Nagóia, Lula pediu que brasileiros tenham ''o tratamento que os japoneses têm no Brasil''

29/05/2005 - 21h49

Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A parte final da agenda de compromissos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visita ao Japão foi dedicada à comunidade de brasileiros de Nagóia. O presidente Lula assegurou aos brasileiros que lotaram o centro de exposições da cidade que vai fazer todo o esforço para que os governos do Brasil e do Japão encontrem soluções que façam "com que o povo brasileiro que está aqui tenha o mesmo tratamento que os japoneses têm no Brasil e já estão lá há muito tempo".

Lembrando os 100 anos da imigração japonesa para o Brasil, a serem completados em 2008, o presidente Lula assinalou que a intenção é se construa "a possibilidade de os brasileiros que estão no Japão terem cidadania total como têm os japoneses que estão no Brasil". Na avaliação do presidente, o estreitamento da relação Japão-Brasil, que teve novo impulso com sua viagem, passa por uma grande relação política, cultural e comercial.

Para dar forma a esse projeto, o presidente assegurou que vai ser necessário um permanente intercâmbio entre técnicos de várias áreas e ministros como da Educação e da Saúde dos dois países. A comunidade enfrenta problemas porque hoje os brasileiros estão ficando cada vez mais tempo no Japão e passam a precisar de serviços como escolas, saúde e previdência. Lula deixou Nagóia ontem (28) e chegou a Brasília na manhã de hoje (29). Esta foi a primeira vez que um presidente da República visitou a comunidade de brasileiros no Japão.

Em seu discurso, o presidente Lula disse ainda que teve reuniões com as comissões apresentadas pelo cônsul brasileiro no Japão e já tem em mãos as demandas dos problemas da comunidade brasileira na cidade. Segundo Lula, os pedidos seguiriam com ele para o Brasil, onde os ministros de cada área, junto com o embaixador do Japão no Brasil e o embaixador brasileiro no Japão, "vão tratar de encaminhar soluções para todos esses problemas que ainda perturbam a vida do provo brasileiro, sobretudo, na questão da educação e da saúde".

Para o presidente, o delicado problema do reconhecimento de profissões, como a de médico, de um país pelo outro passa por um profundo acordo entre os governos e, principalmente, entre as entidades que representam esse setor tanto no Japão quanto no Brasil. "Vamos ver que tipo de convênio se pode fazer", observou, ressaltando que o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, "demonstrou total boa vontade de levar a fundo esse entrosamento entre o Brasil e o Japão de forma mais forte, mais positiva e mais produtiva".

O presidente Lula também registrou a preocupação do governo com a formação educacional e profissional dos brasileiros residentes no Japão. "Vocês receberam aqui, em Nagóia, no mês passado, o presidente do Sebrae, que, num acordo com o Banco Interamericano, vai investir US$ 3 milhões num programa de formação de empreendedorismo aos brasileiros que estão aqui no Japão", disse.

Com relação ao acesso à educação para as crianças e os jovens brasileiros, Lula afirmou que sabe das dificuldades dos adolescentes que não terminaram o segundo grau no Brasil, que não falam japonês e têm dificuldade de entrar em uma escola particular por não poder pagar. "Nós vamos ter que encontrar uma solução porque não nos interessa que nenhum jovem fique fora da escola porque não tem condições de pagar por essa escola".

O presidente terminou sua fala dizendo que a relação entre o Brasil e o Japão vai melhorar em vários outros aspectos. Do ponto de vista do comércio: "Acho que o Brasil vai comprar mais e vai vender mais". Do ponto de vista do turismo: "Um povo como o japonês, que aprende capoeira e aprende a cantar com a facilidade que já cantaram aqui, tem muito a ver na sua relação com o povo brasileiro".