Parada gay mobiliza cerca de 2 milhões de pessoas e ainda não tem hora para acabar

29/05/2005 - 20h04

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Ainda não há previsão para o término da nona Parada do Orgulho GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros), que, desde, desde o início, às 14h25, na região dos Jardins, reúne milhares de pessoas, num desfile alegre, animado e tranqüilo. Quatro horas depois de iniciada a marcha, apenas 12 dos 23 trios elétricos inscritos para participar haviam alcançado a Rua da Consolação, a cerca de três quilômetros do ponto final da parada, na Praça da República.

De acordo com cálculos dos organizadores da manifestação, cerca de 2,5 milhões de pessoas estão na caminhada. A estimativa da Polícia Militar, entretanto, é de que o número de participantes esteja em torno de 1,9 milhão.

A parada GLBT atraiu, além de militantes de diversos movimentos, muitos curiosos, que se espalharam nas calçadas durante todo o trajeto. Há crianças, jovens e idosos na marcha e nas vias transversais, que também foram tomadas pelo público. Muitos camelôs e vendedores de lanches atendem ao público. A parada gay está sendo uma oportunidade também para os que vivem da coleta de embalagens recicláveis, como latas de cerveja e refrigerantes e garrafas plásticas.

Num clima que lembra o das festas carnavalescas, o evento chama a atenção pela grande diversidade de fantasias usadas pelos manifestantes. Um deles é o estilista José Roberto Fernandes, de 54 anos. Homossexual assumido, José Roberto desfila com um traje que lembra o dos patriarcas da igreja católica ortodoxa. Suando muito debaixo da longa túnica com gola de vison sintético preto, ele explicou que escolheu a roupa pela semelhança com a do papa ortodoxo e como um símbolo da luta contra a discriminação, pois, segundo ele, existe muito preconceito entre os líderes católicos.

No peito, José Roberto usava um coração feito de fitilhos nas seis cores símbolo do movimento gay. Nas mãos, o estilista levava um turíbulo, lembrando a queima de incenso nas cerimônias religiosas. José Roberto fazia parte de um grupo fantasiado, mas seu traje foi o único que despertou o interesse do empresário americano Jerry Smith, de 48 anos. Smith, que veio ao Brasil a negócios, disse que não é gay, mas resolveu ir à parada.

Outra participante, Maitê Schneider, de 23 anos, cujo nome de batismo é Alexandre Schneider, sapateava com entusiasmo, num microvestido de renda branca e com uma gargantilha, também branca, com a palavra 'paz'. Como vice-presidente da Associação Paranaense da Parada de Diversidade de Curitiba, Maitê disse que endossa a luta por direitos civis iguais. "Precisamos combater também a onda de violência contra os gays, que ainda são as grandes vítimas de assassinatos", afirmou Maitê. Ela ressaltou, entretanto, que a situação já evoluiu um pouco.