Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) conseguiu hoje (26), no fim da tarde, um novo prazo para desocupar a Usina Hidrelétrica Serra da Mesa (GO), a quase 300 quilômetros de Brasília. De acordo com a Polícia Militar de Goiás, eles devem deixar a área até às 8 horas desta sexta (27). Cerca de 500 representantes do movimento ocupam o pátio em frente à sala de controle da usina desde a madrugada de segunda-feira (23). Na quarta, uma liminar de reintegração de posse foi dada pela juíza da Comarca de Minaçu, Telma Aparecida Marques. A desocupação estava prevista para as 15 horas desta quinta.
"Em assembléia, decidimos não sair da usina enquanto as nossas reivindicações não forem atendidas e a reunião com a presidência de Furnas confirmada", afirma um dos coordenadores da ocupação, Evandro Neselo. "As famílias retiradas do local para a construção da usina hoje vivem como agregadas nos seis municípios atingidos pela barragem, morando na periferia destas cidades, em condições muito precárias", acrescenta.
De acordo com Neselo, estão entre as reivindicações o reassentamento de 600 famílias expulsas da região, o pagamento de um "salário" de manutenção no valor de R$ 300 para todos os atingidos pela barragem, além da garantia de abastecimento elétrico e infra-estrutura para as novas moradias.
A Usina Hidrelétrica da Serra da Mesa começou a ser construída há cerca de 17 anos, mas somente em 1996 as comportas da barragem foram abertas, inundando algumas áreas. A usina é administrada pela empresa Furnas Centrais Elétricas. De acordo com a assessoria da empresa, só haverá negociação depois da retirada dos manifestantes. O bloqueio da entrada da usina estaria impedindo a entrada de funcionários e obrigando a equipe de plantão da segunda-feira a permanecer no local.