CPMI da Terra: fazendeiro diz que depoimento sobre arsenal de armas foi obtido sob coação

29/03/2005 - 20h16

Danielle Coimbra
Da Agência Brasil

Brasília – Senadores e deputados federais estiveram reunidos hoje (29) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Terra para ouvir o depoimento do pecuarista Manoel Domingues Paes Neto, acusado de ter um arsenal de armas em sua propriedade, que seriam de uso restrito das Forças Armadas. Paes Neto disse que seu primeiro depoimento foi feito sob coação da polícia. "Fui agredido, ameaçado e ameaçaram minha família", disse.

O relator do caso, deputado João Alfredo (PT-CE), conduziu a Comissão com perguntas referentes ao depoimento prestado por Manoel Domingues Paes Neto no dia primeiro de novembro de 2003, na delegacia da Polícia Federal da cidade de Presidente Prudente em São Paulo. Neste depoimento, o acusado confirmou que ele e seu pai foram convidados pelo presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antônio Nabhan Garcia, para participar das fotos que estampavam matérias de dois jornais no dia três de julho de 2003, fotos que mostravam várias pessoas com armas nas mãos.

No depoimento de hoje, porém, ele afirmou que sofreu ameaças por parte dos policiais federais para falar o que eles mandavam. "Tiraram o depoimento de mim a força. Os policiais falavam e eu tinha que concordar com eles", disse Manoel. João Alfredo afirmou constar o nome da delegada Miriam Takano como responsável pelo depoimento, mas Manoel Domingues afirmou não se lembrar da delegada, alegando estar sob pressão no dia do interrogatório.

Um outro processo criminal cita uma apreensão de armas feita por policiais federais na fazenda de Manoel Domingues, em meados de 2003. Quando perguntado pelo relator sobre os tipos de armas, o acusado não soube responder, afirmando apenas que as armas eram de propriedade de seu pai, já falecido, que colecionava armamentos. Disse ainda não ter conhecimento de tais armas, que, segundo ele, ficavam aos cuidados de seu pai.

A cessão foi encerrada com o pedido do relator João Alfredo para que fosse convocada a delegada Miriam Takamo para prestar depoimento à Comissão. "São acusações muito graves, com uma escritura de declaração negando o outro depoimento prestado", disse o relator. Das 21 armas apreendidas, João Alfredo citou um fuzil semi-automático, carabinas, espingardas, metralhadoras, pistolas de assalto e outras armas americanas, brasileiras, alemãs e argentinas.

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