Economista diz que Bolívia poderá se fechar para multinacionais

08/03/2005 - 21h02

Brasília, 8/3/2005 (Agência Brasil - ABr) - Com a saída ou a permanência do presidente boliviano, Carlos Mesa, no poder, o país deve sofrer um fechamento para multinacionais. A análise é do economista Gonzalo Chaves, diretor de programas de Mestrado da Universidade Católica Boliviana. Uma nova política econômica da Bolívia pode prejudicar o Brasil, já que só a Petrobras tem US$ 1,6 bilhão de investimentos naquele país. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, declarou que a crise boliviana não preocupa somente ao Brasil, mas a todos os países da região.

O analista explicou que na América Latina vem ocorrendo o crescimento de duas esquerdas. A primeira é voltada para a macroeconomia e os problemas sociais e a segunda, é uma esquerda nacionalista, com empresas estatais, "uma visão mais populista e um discurso radical, o que cria tensão", explica Gonzalo Chaves

Essa situação política, na visão do analista, é o que vive hoje a Bolívia. Partidos políticos e movimentos sociais não chegam a um acordo sobre como governar o país. Além disso, a crise financeira e pressões políticas e sociais levaram o presidente Carlos Mesa a pedir a renúncia. De acordo com Chaves, nos últimos meses, o governo boliviano recebeu mais de 400 pedidos de greve. A aprovação, na Câmara da Lei de Hidrocarbonetos proposta pelo governo, deixou o país "seriamente dividido", acrescenta o professor.

A taxação imediata em 50% sobre o faturamento das empresas estrangeiras e a saída das multinacionais da Bolívia são reivindicações populares que segundo Gonçalo Chaves, se aprovadas, afetarão o comércio externo boliviano, diante da tendência no Mercosul de reduzir as barreiras tarifárias entre as nações do continente. "É um sinal muito complicado para os investimentos estrangeiros diretos, cria incertezas jurídicas e complica muito as coisas. Lamentavelmente a Bolívia pode perder o dinamismo econômico que recuperou em 2004 quando cresceu 3,6%", avalia o economista.

O gás e a indústria petroquímica representam aproximadamente 25% do Produto Interno Bruto (PIB) boliviano. O aumento imediato dos impostos pode prejudicar automaticamente 82 contratos já assinados entre a Bolívia e empresas multinacionais de diferentes países.