Congresso na Bolívia analisa pedido de renúncia de Carlos Mesa

08/03/2005 - 20h24

Brasília, 8/3/2005 (Agência Brasil - ABr) - Para continuar no governo, o presidente boliviano Carlos Mesa, que ontem apresentou sua carta de renúncia, pede um acordo político nacional. O pedido está sendo analisado nesta noite pelo Congresso Nacional da Bolívia.

De acordo com Gonzalo Chaves, analista político e econômico da Universidade Católica Boliviana, quatro questões principais vêm causando conflitos entre partidos políticos e entre movimentos sociais bolivianos. A pressão política e social foi o motivo que levou Carlos Mesa a pedir renúncia. "Tem sido uma confusão terrível, o Congresso não consegue chegar a um acordo", afirma o economista.

A primeira das questões apontadas é a convocação de eleições para governadores (chamados lá de prefeitos), que hoje são nomeados diretamente pelo presidente da República. A segunda seria um plebiscito para a autonomia de Santa Cruz, uma das regiões de economia mais forte da Bolívia e que quer a independência. A terceira é a criação de uma Assembléia Constituinte para elaborar uma nova Constituição Federal que reforme o modelo administrativo e econômico no país. E a quarta, considerada a "gota d'água" para o pedido de saída de Mesa, é a Lei de Hidrocarbonetos.

Grande parte do povo boliviano e dos movimentos sociais pede a saída das empresas multinacionais da Bolívia e é contra as privatizações das estatais, ocorridas entre 94 e 96. Sob a liderança do deputado Evo Morales, do partido Movimento al Socialismo (MAS), eles pedem maior interferência do Estado e a taxação imediata em 50% do faturamento das empresas estrangeiras. Segundo Chaves, a proposta do governo é que essa taxação seja gradual e chegue aos 50% em aproximadamente dez anos. A Câmara dos Deputados já aprovou a proposta do governo, que deveria seguir para o Senado quando explodiu a crise política boliviana.