Reforma agrária deve levar paz ao campo, diz presidente da Contag

07/03/2005 - 18h46

Graziela Sant'Anna
Da Agência Brasil

Brasília - A implementação de uma política de reforma agrária que leve paz ao campo será um dos desafios da Confederação Nacional do Trabalhadores na Agricultura (Contag). Em entrevista à TV NBr, canal do Poder Executivo, o presidente da Contag, Manoel dos Santos, afirma que "a ausência de uma política eficaz para a questão agrária brasileira resulta, além da miséria e do atraso social e econômico, em uma onda de violência que, do campo, se esparrama pela sociedade brasileira".

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário, em 2004 ocorreram 16 mortes em decorrência de conflitos por terra e em 2003, foram 43. "Nos temos um caso emblemático agora, o da morte da missionária. Mas no Pará, nos últimos cinco anos, tivemos 23 lideranças sindicais assassinadas. E os mandantes e assassinos não foram punidos", disse o presidente da Contag, que foi criada em 1963 e representa 15 milhões de trabalhadores rurais. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) indica que 4,8 milhões de famílias esperam a reformulação da estrutura fundiária do país.

O presidente da Contag aponta a política histórica de fortalecimento de latifúndio como motivo para a violência no campo. Outro motivo de preocupação, para Santos, é a liberação dos transgênicos. "È um certo presente de grego. O problema é a dependência de organizações econômicas, que detêm a patente e, conseqüentemente, o controle da semente. Os trabalhadores ficam na dependência permanente desse tipo de produção", ressaltou.

No 9º Congresso da Contag, encerrado na última sexta-feira (5), foi aprovada a criação da Comissão Nacional da Terceira Idade e da Secretaria de Meio Ambiente. Também foi instituída uma cota obrigatória de 20% de jovens nos cargos de direção de todas as instâncias do movimento sindical no campo.