Lula defende organização feminina como forma de garantir mais conquistas

07/03/2005 - 7h48

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje, em seu programa quinzenal de rádio Café com o Presidente, a organização feminina como forma de garantir às mulheres maior respeito e conquistas dentro da sociedade brasileira. Na opinião de Lula, a liberdade e a igualdade necessárias às mulheres serão conquistas efetivadas "na hora em que elas se organizarem, se fizerem respeitar e exigirem que isso seja colocado na legislação, que isso seja um direito".

O presidente reiterou a necessidade de inclusão feminina nas políticas públicas do governo federal: "A mulher tem que estar incluída, tem que estar participando, porque nós teremos muito, muito mais chance de acertar nas nossas políticas sociais."

Lula aproveitou a véspera do Dia Internacional da Mulher para prestar uma homenagem às duas mulheres que disse considerar os "alicerces" do que ele se tornou hoje: a mãe, Eurídice Ferreira de Mello, a dona Lindu, e a esposa, Marisa Letícia Lula da Silva. "A minha mãe, pela guerreira que ela é: uma mulher analfabeta, com oito filhos, que sai de Pernambuco em um pau-de-arara e vem para São Paulo", disse. E acrescentou: "A Marisa eu sou muito grato pelo comportamento guerreiro. Ao mesmo tempo em que ajudava a construir o PT, a construir a CUT, ainda ajudava a cuidar da família, ainda tinha tempo de viajar comigo."

O presidente relatou, durante o programa, a surpresa de dona Lindu ao chegar em São Paulo com os oito filhos e se deparar com o marido, Aristides Inácio da Silva, casado com outra mulher e "já com três ou quatro filhos". "Em nenhum momento, a minha mãe perdeu a esperança. Ela conseguiu viver nessa situação. Meu pai com duas mulheres, durante praticamente um ano, e depois a minha mãe tomou a decisão de se separar do meu pai", disse

O presidente também lembrou a infância em São Paulo, muitas vezes sem ter o que comer, ao lado dos irmãos e da mãe. Nem por isso, acrescentou, dona Lindu deixava de ter esperança em um futuro melhor para a família. "Mesmo nesses momentos, eu não via a minha mãe reclamar da vida. Eu via a minha mãe acreditar que no dia seguinte seria melhor. Nós éramos oito irmãos, ela criou todos. Todos nós aprendemos uma profissão, todos nós casamos, tivemos filhos, e ninguém virou bandido, ninguém foi para a rua", contou.