Juliana Cezar Nunes
Enviada especial
Nairóbi (Quênia) - O ministro das Relações Exteriores do Quênia, Chirau Ali Mwakwuere, reconheceu neste domingo que o país ainda não definiu quais os candidatos ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas receberão apoio queniano. A opção é para aguardar o avanço no processo de reforma da ONU. O ministro revelou, no entanto, que devido à política externa desenvolvida nos últimos anos o Quênia tem "alta consideração" pelo Brasil. "Se não for o Brasil, que outro país?", perguntou, em entrevista a jornalistas.
Brasil e Quênia compartilham interesse na reforma da ONU – o Quênia também é candidato a uma vaga permanente no Conselho de Segurança. A intermediação no processo de paz de países como Somália e Sudão tornou os quenianos competitivos no contexto africano. Com cerca de 30 milhões de habitantes, o Quênia tem um Produto Interno Bruto (PIB) em torno de US$ 11,6 bilhões e exerce liderança no bloco de países da África Oriental. Para o ministro, é preciso democratizar as Nações Unidas e impedir que as decisões continuem concentradas nas mãos de poucos.
Nesse sentido, sobre a atuação brasileira na política externa, o ministro destacou a campanha pela erradicação da fome, as negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) e a participação em processos de paz, como credenciais do Brasil. Bem-humorado, o queniano chegou a falar da rivalidade esportiva entre os dois países. Em tom de brincadeira, disse que o Quênia pensa em pedir a ampliação dos campos de futebol para que os jogadores quenianos demonstrem sua habilidade na corrida e superem os brasileiros.
Satisfeito com a aproximação entre Brasil e Quênia, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse ver como positiva a visão queniana da política praticada pelo atual governo. "Palavras dele sobre liderança, dizendo que nosso trabalho deu voz à união africana, demonstram confiança no Brasil. Eles também confiam no Brasil na hora de negociar na OMC", avaliou o chanceler.
"Com relação ao Conselho de Segurança, o ministro queniano citou as características que o país deve ter para participar, depois de afirmar que o Brasil possui todas essas características. Portanto, na questão multilateral, o encontro não poderia ter sido mais produtivo", afirmou Celso Amorim.